Rio - Vik Muniz se considera um completo perna-de-pau. “Não consigo fazer nem três embaixadinhas”, assume ele. Mas a falta de habilidade com os pés não impediu o artista plástico de administrar nada mais do que 20 mil bolas no estádio Azteca, no México. O resultado foi uma gigantesca obra de arte, parte de um projeto social, que pode ser conferida através do documentário ‘Atrás da Bola’, disponível no Netflix.
Nascido de uma proposta da Fundação Televisa a Vik, o projeto foi se modificando com a prática. “Eles queriam algo que combinasse com a época da Copa do Mundo. É um oportunismo do bem”, classifica o artista paulista. Além do registro da produção da obra, o filme traz histórias de pessoas oriundas de nove diferentes países, que têm a vida ligada ao futebol.
“Começamos a documentar tudo como um making of. Nos entusiasmamos com a coisa e acabou virando um filme”, lembra-se Muniz, que assina a direção ao lado de Juan Randon.
Com 20 mil bolas, organizadas milimetricamente no estádio Azteca, ele formou o desenho de uma enorme bola. Catalogadas no site www.thisisnotaball.com, cada uma encontra-se à venda em um leilão virtual, a partir de US$ 60 (cerca de R$ 133). O dinheiro arrecadado será integralmente revertido para 16 projetos de inclusão social ao redor do mundo. Todos têm ligação com o esporte e dois deles são realizados aqui no Brasil — o Bola Para Frente, da Ibis Foundation, e Craques do Amanhã, do Cieds (Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável).
“Já fui criticado por muita coisa, como fazer abertura de novela. Acho que o que eu faço fora do estúdio é muito importante para o que eu faço dentro dele também”, conclui Vik, que ressalta que ‘Atrás da Bola’ não se trata apenas de um documentário de futebol. “É sobre todos os aspectos sociais que giram em torno da bola.”