Por daniela.lima

Rio - Enquanto filmava "Muppets 2 - Procurados e Amados", que estreia nesta quinta-feira, o diretor James Bobin sabia que tinha uma missão difícil nas mãos: tentar repetir o sucesso do filme anterior, "Os Muppets" (2011), que faturou US$ 165 milhões (R$ 364 milhões) pelo mundo e foi muito elogiado pela crítica. 

James Bobin%2C diretor de 'Muppets 2' posa com KermitDivulgação


Não por acaso, o primeiro dos vários números musicais de "Muppets 2" avisa: "Todo mundo sabe que as continuações nunca são tão boas". Dito e feito: o segundo filme recebeu críticas menos entusiasmadas e arrecadou menos da metade da bilheteria anterior.

"É difícil quando o primeiro filme é tão popular. É preciso julgar cada um individualmente", diz Bobin, em entrevista por telefone ao iG. "Mas acho que, com o tempo, as pessoas vão aprender a amar 'Muppets 2.'"

Em "Muppets 2", um criminoso idêntico a Kermit toma seu lugar em uma turnê dos bonecos pela Europa, aplicando golpes ao lado do empresário Dominic Badguy. Kermit, por sua vez, vai parar em uma prisão na Sibéria comandada pela durona Nadya (Tina Fey).

O elenco é reforçado por uma série de estrelas do cinema e da música , entre eles Usher, Céline Dion, Lady Gaga, Zach Galifianakis e Christoph Waltz.

Fã dos Muppets desde a infância (seu favorito é Uncle Deadly, que tem participação pequena no segundo filme), Bobin acha que os personagens continuam fazendo sucesso quase 60 anos após sua criação por serem "os clássicos desacreditados". "Eles não são muito bons no que fazem,
mas os amamos por tentarem."

Os Muppets foram criados em 1955. O que os faz ter sucesso até hoje?
James Bobin: Acho que eles são os clássicos desacreditados. Eles não são muito bons no que fazem, mas os amamos por tentarem. Estão sempre fazendo o melhor que podem e de alguma forma, quando trabalham juntos, conseguem coisas incríveis. Acho que mandam uma boa mensagem para as crianças, de que elas não precisam sempre ser as melhores.

Um dos maiores sucessos do ano no cinema foi "Uma Aventura Lego", outra marca que, como os Muppets, atravessou gerações. O público está gostando dos filmes familiares que têm algo de "velha guarda"?
Certamente sim no caso de pessoas da minha idade, com 40 e poucos anos. Amávamos Lego e Muppets, e agora temos filhos que também gostam. Adorei o filme do Lego e acho a comparação interessante porque, na essência, eles fizeram o mesmo que nós: foram muito
engraçados usando ideias antigas. Mas são filmes contemporâneos. Não acho que sejam velha guarda, acho que são modernos. É incrível que essas coisas permaneçam, e elas permanecem porque são brilhantes.

Qual é o desafio de filmar com bonecos e atores reais?
É um pesadelo (risos). Tudo o que seria simples em outro filme, fica complicado. Filmar os Muppets andando ao lado de uma parede já é complicado porque são fantoches sem pernas. É preciso tirar os humanos do quadro e criar uma ilusão, criar um mundo em que bonecos e humanos coexistem. É preciso esconder muito para que aquilo fique real, então só de vez em quando você os vê de corpo inteiro. Temos que ser espertos para justificar isto e criativos na hora de usar as tomadas, para não cansar o público. É difícil, mas eu adoro.

O filme tem a participação de muitas estrelas da música e do cinema. Como foi o processo de escolha dos artistas?
Temos sorte porque as pessoas amam os Muppets e sempre topam o convite. Temos a ideia e eles aceitam. Em alguns casos sabíamos exatamente quem precisávamos convidar para que a piada fizesse sentido. Em outros, apenas pensávamos em pessoas que funcionariam bem. Por exemplo, quando Miss Piggy está cantando uma música sobre amor e precisa de alguém que funcione como uma espécie de anjo da guarda, pensamos em Céline Dion, que tem voz poderosa e um talento
fantástico. Cruzamos os dedos e ela aceitou.

Tina Fey e Rick Gervais ficaram receosos em cantar e dançar?
A música é um elemento essencial dos Muppets. Pouca gente sabe, mas Ricky foi membro de uma banda inglesa romântica nos anos 1980 [a Seona Dancing], então ele não teve problema nenhum em cantar. Tina também não, e acho que ela foi gostando mais com o tempo. O mais
importante não era que tivessem uma voz poderosa, mas, sim, que se mantivessem no personagem.

O filme abre com uma ótima canção sobre a obsessão de Hollywood por sequências. Há uma crise criatividade, uma falta de ideias originais?
A maior parte dos filmes não pode falar sobre isso, mas "Os Muppets" pode e deve. É o mundo em que vivemos e achei que seria legal falar, logo no começo, que este filme é diferente, que não dá para repetir a mesma coisa, que só podemos fazer nosso melhor. O histórico das sequências é relmente interessante: a maioria não é tão boa quanto o original.

Seguindo esse histórico, "Muppets 2" não teve o mesmo sucesso de crítica e bilheteria que o filme anterior. Como lidou com isso?
As resenhas deste filme foram boas, mas parecem que não foram porque as do primeiro tinham sido espetaculares. Na verdade, é difícil quando o primeiro filme é tão popular. É preciso julgar cada 
um individualmente. Mas as resenhas não me incomodaram e a bilheteria é algo que nunca conseguimos adivinhar. Mas acho que, com o tempo, as pessoas vão aprender a amar este filme.

Com o desempenho financeiro sendo tão importante na hora de o estúdio dar sinal verde para um filme, acha que há futuro para os Muppets no cinema, mesmo que o segundo filme tenha ficado abaixo das expectativas?
Espero que sim. Eles estão aqui há muito tempo. As pessoas amam os Muppets e querem vê-los.

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