Por daniela.lima

Rio - Nada de gestos bruscos ou de imagens desfocadas, em movimento. “Eu peço para o fotografado se mexer pouco. Penso em como eu gostaria de ver aquela pessoa”, esclarece o fotógrafo Daryan Dornelles. Após cem capas de discos e mais de mil retratos de cantores e músicos publicados em revistas como ‘Bizz’, ‘Bravo’ e ‘Rolling Stone’, ele compila algumas de suas melhores fotos no livro ‘Retratos Sonoros’ (Editora Sonora, 192 págs, R$ 140), com lançamento hoje na Livraria da Travessa do Leblon. Entre as imagens, cliques ousados dos cantores Elza Soares e Ney Matogrosso — ambos cobertos por pouco pano.

Chico Buarque malandrãoDivulgação


"A Elza é fantástica. Fiz a foto no Rio Scenarium (casa de shows da Lapa), para uma revista. As costas dela são perfeitas, não parece de jeito nenhum que ela tem 77 anos. Duvido que a Beyoncé chegue nessa idade com o corpo que ela tem, e, se chegar, bato palmas. Aliás, bota aí que eu prefiro a Elza”, diz Daryan, rindo.

No caso do cantor de ‘O Vira’ e ‘Homem com H’, Daryan viu a transformação do cidadão Ney de Souza Pereira no astro Ney Matogrosso. “Fiz para a ‘Rolling Stone’ e era para ser só o rosto. Fora do palco, ele é mais na dele, mas topou ficar sem camisa”, lembra “O artista é como um atleta, que antes de correr ou nadar, precisa aquecer. Aí vai”. 

Capa do livro%2C Milton Nascimento na piscinaDivulgação


Com jeitinho, ele colocou até o tímido Chico Buarque encarnando um malandro de rua, também para a ‘Rolling Stone’. E pôs o não menos introvertido Milton Nascimento de paletó e sunga, na piscina de casa. “Eu já tinha fotografado o Milton e pedi com tranquilidade”, brinca. “Disse: ‘Se você não quiser, tudo bem’. Ele só comentou: ‘Esse menino...’”, brinca.

Já a foto do baiano Tom Zé, que ele clicou para a capa do próximo CD do cantor, fez barulho. “Tirei foto do Tom Zé gritando. E ele gritou de verdade! Só pedi a ele para gritar com certa ordem, para não desfocar”, conta. “É difícil você pedir a um artista desse peso para fazer certas coisas, mas normalmente é tranquilo”.
Daryan, 43 anos, fez faculdade de Cinema e virou fotógrafo por acidente.

“Eu nadava pelo Vasco e ia competir no Chile. Só que perdi o voo e fui depois. Meu treinador estava lá, p... da vida, reclamando que estava sem fotógrafo para a competição e ainda tinha que me esperar”, recorda, aos risos. “Como eu estava doido para fugir da competição porque estava frio, me ofereci para fazer as fotos. Peguei a câmera de um amigo sem nem saber mexer, e deu certo. E estou nessa até hoje!”

Você pode gostar