Rio - Na próxima terça-feira haverá um show no Rio de Janeiro. Onde vai ser, ninguém sabe, quem vai tocar, tampouco. Mas um grupo de pessoas já se prepara para ele. Elas já conseguiram seu ingresso pela internet e garantiram o seu lugar na apresentação. Essa moda de ir a um show sem saber o que vai tocar, ou confirmar o nome em uma festa sem ter ideia do endereço se tornou o diferencial de eventos secretos, como a Sofar Sound e a Festa Segredo que, quanto mais se escondem, mais público atraem.
“O que faz as pessoas se interessarem é o desconhecido. O pessoal que gosta mesmo de música e de conhecer coisas novas vai atrás e acaba se surpreendendo. Daí, eles estão sempre querendo conhecer mais”, afirma Fernando Remiggi, representante do Sofar no Rio, uma ‘franquia’ que veio de Londres e que já é sucesso absoluto em sete cidades do Brasil.

Funciona assim: você se inscreve para um show sem saber onde vai rolar ou quem será a atração. O lugar do evento só é revelado com 48 horas de antecedência, através de um e-mail com as indicações, e são os mais inusitados possíveis. “A ordem é inovação. Já fizemos show em ateliê de arte, em hostel, numa loja de roupas e até num salão de beleza”, conta Fernando.
A ideia do movimento, que começou na sala de estar do compositor Passio Ate Dave, em Londres, é se desprender dos padrões. Aqui, o projeto ganhou um novo propósito: explorar o que há de bom e desconhecido na música brasileira. “No começo do Sofar, o som que tocava era quase sempre indie ou folk, mas, quando eu trouxe para o Brasil, pensei que deveria ser uma plataforma de explorar a música brasileira regional, mostrar o que tem de diferente. Do axé até o sertanejo, desde que seja muito bom”, diz Fernando.
Na onda do ‘shhhh’ também está a Festa Segredo. Queridinho dos cariocas intimistas, o evento tem a proposta de imitar uma social entre amigos. “A ideia é ser selecionada mesmo. Você não sabe quem vai encontrar, nem onde vai ser. É um mistério total. E a festa sempre acontece em lugares pequenos e tem um público fiel”, conta a produtora Mariana Reis.
Para entrar nesse círculo fechado, o processo é bem parecido com o Sofar Sound. É preciso mandar um e-mail para a produção do evento e esperar que o local da noitada seja revelado. O público gosta e guarda o segredo a sete chaves. Cristine Mattos foi e aprovou. “Gosto da ideia do secreto, primeiramente por ser exclusiva. Sabia que ia chegar lá e encontrar uma galera mais alternativa e curiosa, como eu. Além disso, o setlist agradou, tocaram as bandas que eu curto, e festa boa no Rio é coisa rara”, opina.
Pioneira na night carioca, a próxima festa já tem data marcada, dia 30 deste mês, mas apenas isso foi revelado, o resto... é segredo.
FOFOCA
Em contrapartida da Festa Segredo nasceu a Fofoca, que de secreta não tem nada. Pelo contrário, a ordem é chamar geral. A produtora Mariana Reis, que também é responsável pela Fofoca, conta que o conceito é o oposto, e explica que a noite nasceu porque a Segredo não estava dando conta do público que queria participar do evento.
“A Fofoca é a ‘irmã má’ da Festa Segredo. Ela é grande, tem um público que normalmente giram em torno de mil pessoas. A proposta é espalhar mesmo. Com ela não rola nada de secreto.”