Rio - Não faz tanto tempo assim, o Brasil descobriu o tecnobrega, o carimbó e outros ritmos paraenses. Mas a cena musical da região vai muito além e seu público está aberto aos mais diversos estilos. Prova disso é o festival Se Rasgum, que encerrou nesta madrugada sua nona edição, com shows de 27 atrações espalhadas por três espaços diferentes da cidade, além de workshops, oficinas, debates e exibições de filmes.
Foram quatro dias de apresentações, reunindo nomes consagrados como Arnaldo Antunes, Gerson King Combo e Violeta de Outono, talentos da nova geração, como o capixaba Silva, nomes locais de destaque, como os guitarristas Felipe Cordeiro e Félix Robatto, e duas atrações internacionais: os argentinos do El Mató a un Policia Motorizado e os norte-americanos do Blass Drum of Death.

A novata banda Biltre, uma das cinco atrações cariocas, tocou na segunda noite de Se Rasgum e chamou a atenção com seu som com muitas referências de funk carioca e soul, embalados por performance e letras engraçadinhas. Entre elas, ‘Uma Madona’, que cita uma famosa manchete do jornal ‘Meia Hora’ sobre a morte do cantor Michael Jackson: “Ele era preto e ficou branco, agora é cinza.” “Na época, se falou muito sobre a morte do Michael, pensávamos: ‘Quem vai ficar no lugar dele? Só pode ser a Madonna.’ A gente curte muito esse tipo de humor e está sempre antenado com tudo, filtrando o que acha que tem a ver com a banda”, explica o vocalista e músico Dioclau (no grupo, eles se alternam nos instrumentos e vocais).
“Mesmo no cenário do Rio, a gente é novo ainda, são só três anos de banda. Foi muito bom tocar aqui, porque o público é receptivo e nosso som, de certa forma, é popular, tocamos para pessoas de várias faixas etárias, ao ar livre, e as pessoas dançaram, gostaram”, comemora.
“Acho que esse show realmente vai abrir nossos caminhos no Norte e Nordeste”, torcia Angelo Arede, vocalista da carioquíssima Gangrena Gasosa, atração da sexta-feira. Conhecida por jogar despachos de umbanda em cima do público, a banda fez uma performance mais light, e atirou apenas pipoca na plateia, durante a música ‘Eu Não Entendi Matrix’, deixando para trás as galinhas e bodes. “Esse era o Gangrena do passado”, garante Arede.