Rio - Em 1954, ao ser contratada como ‘crooner’ de ‘dancing’ carioca, Alaíde Costa iniciou carreira musical que a consagraria como cantora. Na época, a artista já havia composto sua primeira canção, feita aos 17 anos. De lá para cá, Alaíde jamais deixou de compor. Mesmo de forma bissexta, a autora ostenta parcerias com ícones como Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Essa produção autoral ganhou registros eventuais na discografia de Alaíde, mas nunca mereceu um disco todo. Primeiro álbum inteiramente autoral da artista, ‘Canções de Alaíde’ tem, por isso mesmo, valor documental. Produzido por Thiago Marques Luiz para seu selo Nova Estação, o disco reúne 14 músicas de autoria de Alaíde e sai no momento em que a cantora celebra 60 anos de carreira profissional.
Na foto da capa, Alaíde toca o piano no qual aprendeu os segredos do instrumento com o maestro e mestre Moacir Santos (1926-2006). Piano que, mais tarde, ganhou de presente de Vinicius de Moraes, parceiro em ‘Amigo amado’, bela música que fecha o CD ‘Canções de Alaíde’, evidenciando a influência da música clássica na criação das melodias da compositora.
A caminho dos 79 anos de vida, a serem completados em dezembro, Alaíde ainda é senhora cantora. Seu fraseado em ‘Saída’ (canção em que assina música e letra) ecoa a influência do canto lírico na voz da intérprete.
Em ‘Canções de Alaíde’, a cantora se vale dessa voz única para interpretar obra autoral de tons densos, pesados, melancólicos. As melodias de Alaíde são geralmente tristes, como o parceiro Geraldo Julião explicita em verso de ‘Ternura’.
Músicas como ‘Meu sonho’ (Alaíde e Johnny Alf), ‘Saída’ e ‘Choro’ focam amores magoados e amantes solitários. A ótima cantora segura a barra da compositora.