Por paloma.savedra

Rio - Adriana Calcanhotto já bateu o martelo: cariocas são bonitos, bacanas, sacanas e dourados. E, embora a cantora não tenha mencionado, andam pensando em tornar a cidade um lugar melhor. É cada vez mais comum ver iniciativas particulares de moradores do Rio que querem transformar e repensar o lugar em que vivem.

É a história de Pedro Rajão, DJ de 29 anos, morador do Méier. Cria do local, ele sentia que o bairro precisava de vida cultural. Assim, nasceu o evento ‘Perto do Leão Etíope do Méier’, que ocupa a praça Agripino Grieco, e que já contou com Orquestra Voadora, Maracutaia, Noites do Norte, Tambores de Olokun e inúmeras outras atrações, e chegou a um público de duas mil pessoas na praça.

O evento ‘Bicicletada’%2C que tem o objetivo principal de discutir mobilidade urbana%2C em uma de suas edições%2C realizada nos Arcos da LapaDivulgação

“Sempre passei por aquela praça e não via nenhuma movimentação. Era superabandonada, muito suja, o máximo que eu via era culto evangélico e a roda de capoeira que tem toda sexta- feira. E a praça é um teatro, tem uma acústica boa, fica numa área central do bairro, que é carente. Eu comecei o evento sozinho e hoje a equipe conta com sete pessoas, e sempre tem uma galera que surge, ajuda de maneira espontânea”, conta ele, sobre o projeto que, recentemente, conquistou em um edital público verba para que possa continuar acontecendo.

Tomando as ruas
A história da ‘Bicicletada’ é parecida. Nascida em São Francisco (EUA) nos anos 1990, ela foi importada para o Rio em 2003 e tem um objetivo simples, pedalar em grupo, e outro mais complexo, pensar a mobilidade urbana. Assim, em cada primeira sexta-feira do mês, o grupo, que vai de dez a cem pessoas, se reúne e pedala, sem destino definido.

“Varia muito o roteiro, a gente vai pro Arpoador, Leme, Praça Saens Peña. E a reação das pessoas é bem variada. Uma das nossas intenções é pedalar na rua e mostrar que é por ali que a gente tem que andar. Normalmente, os pedestres e as pessoas que estão no bares aplaudem, e a galera que tá dirigindo olha de cara feia. O cara tem um trânsito imenso na frente dele, e acha que a culpa do trânsito é nossa, que estamos de bicicleta”, diz Bernardo Lima, fotógrafo de 28 anos.

Além das pedaladas, ainda há ações como o Roda Livre, espécie de oficina sobre manutenção da bike, para quem quiser consertar sua bicicleta (acontece na rua Dias da Cruz, no Méier, e é sempre no domingo que antecede a bicicletada).

Na lista de cariocas que vêm fazendo a diferença, também está o editor Raphael Vidal, de 32 anos. É ele o idealizador do festival ‘Fim de Semana do Livro do Porto’, que ele descreve como tipicamente carioca.

“Moro no Morro da Conceição e tive a ideia de fazer um festival com a temática voltada para o carioca. Chamei escritores, antropólogos, historiadores com livros publicados sobre botequim, samba, Carnaval, rua, cachaça, encruzilhada, macumba. Queria falar de temas que envolvem a cultura carioca, mas não fogem da literatura, e fazer isso em um sobrado no Morro da Conceição”, conta. Deu tão certo que acabou virando a Casa do Porto. “A Casa é como eu penso um espaço cultural: com programação, eventos, exposição e bar”, explica. Mais carioca, impossível.

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