Rio - As belezas naturais do Rio de Janeiro precedem o nome da cidade em qualquer lugar do mundo. Tem sido assim desde sua fundação, há 450 anos. Mas, se mesmo Estácio de Sá e os portugueses que deram início à história carioca já haviam se encantado com a paisagem, esta só ganharia eternidade visual quando os primeiros fotógrafos passaram a registrá-la, a partir de meados do século XIX. E são os primeiros 90 anos desse registro de imagens que compõem a mostra ‘Rio: Primeiras Poses’, que faz parte dos eventos de comemoração do aniversário da capital fluminense e que poderá ser visitada até o fim do ano na Galeria Marc Ferrez do Instituto Moreira Salles, na Gávea.
"É possível estruturar essa mostra sobre quatro bases principais: a evolução da técnica da fotografia por meio do registro das imagens da cidade, o acontecimento do Tenentismo e a transição do Brasil arcaico para o contemporâneo, a ocupação da Zona Sul do Rio de Janeiro a partir das primeiras décadas do século passado, o que ajudou a criar e consolidar uma cultura carioca própria, e, por fim, as mudanças urbanas implementadas quando Pereira Passos estava à frente da prefeitura. Todos esses momentos podem ser vistos com facilidade nas fotografias que formam a exposição”, explica o curador Sérgio Burgi.
Disposta em seis ambientes organizados por ordem cronológica, a exposição vai apresentar 450 fotografias originais registradas entre 1840 e 1930 — nas paredes e também em vitrines —, além de outros três conjuntos de imagens em estruturas multimídia: espaço de projeção em 2,20m por 9m, dois mapas interativos comandados por telas touchscreen e dois monitores com 75 fotos estereoscópicas — que tentam reproduzir a sensação de profundidade da visão humana —, com visualização em 3D.
As imagens digitalizadas e as ferramentas de visualização com ampliação também vão oferecer ao visitante a possibilidade de enxergar detalhes nas fotografias que não podem ser vistos com facilidade nas imagens originais.
Dois ambientes dedicados ao período que vai da década de 1850 à década de 1890 mostram a memória da paisagem urbana e traços da arquitetura carioca, quando a cidade vivia os últimos tempos da época imperial, antes de se desenvolver de forma mais acelerada a partir da chegada do século XX.
Nos outros ambientes, a exposição apresentará imagens que retratam as mudanças e reformas urbanas que foram feitas no início do século XX, como a construção da Avenida Central, a inauguração da Avenida Beira-Mar em direção à Glória, ao Catete, ao Flamengo e a Botafogo, além das obras de melhoramento do Porto do Rio de Janeiro e do Canal do Mangue, entre outras intervenções urbanas.