Por daniela.lima
A exposição se desenvolveu a partir da fotografia de três gorilas Divulgação

Rio - A humanidade não evoluiu tanto a ponto de não conseguir mais se reconhecer na imagem de macacos, gorilas e outros primatas em exibição num zoológico. Foi a partir dessa observação que a artista plástica Vera Chaves Barcellos começou a conceber o que viria a ser ‘Enigmas’ — exposição que, desde o último sábado, pode ser vista no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Centro da cidade. A mostra discute a evolução do homem e seu gesto na produção cultural, valendo-se de fotografias e instalações. Com curadoria de Bernardo de Sousa, a exposição foi selecionada pela Rede Nacional Funarte. 

“Estava em um zoológico em Barcelona observando três gorilas que permaneciam atrás de uma das jaulas. Aquilo chamou minha atenção, tanto pelas feições humanas dos animais como pelo desconforto que percebi que eles provocavam em algumas outras pessoas que também estavam no zoológico. Por isso, decidi partir da fotografia daqueles três macacos para desenvolver o restante do trabalho”, explica Vera.

As fotografias de grandes primatas do Zoológico de Barcelona que, manipuladas em laboratório, ampliadas, fotocopiadas e objeto de intervenções pictóricas (na própria imagem), formam as três principais imagens da exposição.

A mostra, que, segundo a própria artista plástica, também poderia ser classificada como uma instalação, é construída como uma espécie de laboratório, e faz uso de imagens, fósseis, pedaços de pele e caixas de sal, tudo para fazer referência a objetos com os quais o ser humano tem contato desde que a humanidade começou a se desenvolver. 

“Entre os elementos que mais chamam a atenção dos visitantes está uma reprodução do alfabeto grego — a intenção é mostrar como o ser humano começou a desenvolver e a aperfeiçoar a escrita. Uma espécie de registro do início da cultura escrita”, diz a artista gaúcha, que exibe trabalhos desde a década de 1960 e, em 1976, teve obras expostas na Bienal de Veneza.

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