Por cadu.bruno

Rio - Cercado todos dias pelo concreto, cimento e asfalto, muitas vezes o morador de um grande centro urbano pode pensar na natureza apenas como uma abstração, algo que está muito distante. Mas é possível encontrar um ponto de aproximação entre elementos naturais e criações arquitetônicas feitas pelas mãos do homem. Prova disso é a exposição ‘Tombo’, que desde quinta-feira está com visitação aberta para o público na Casa França-Brasil, no Centro.

Ali, estão dispostas no chão mais de 15 toras, cada uma com cinco metros de comprimento cada, segmentadas de cinco palmeiras imperiais centenárias. A ideia é provocar uma relação entre as árvores e as 24 colunas internas do espaço, um dos marcos neoclássicos do país, construído em 1820 pelo arquiteto francês Grandjean de Montigny (1776-1850), para ser a Praça do Comércio, em determinação de João VI.

Troncos das árvores estão expostos entre as colunas do salão principal da Casa França-Brasil%2C no CentroDivulgação

“O trabalho recoloca em discussão o par ‘natureza e cultura’: a natureza aparece nas palmeiras em seu estado bruto, e a cultura na arquitetura neoclássica, da qual as colunas são parte importante”, explica a curadora da mostra, Thaís Rivitti.

Nascido em Manaus, em 1976, criado em Recife e morador do Rio de Janeiro há quatro anos, Rodrigo Braga tem trabalhos apresentados em várias exposições no Brasil e no exterior. Ele participou em 2012 da 30ª Bienal Internacional de São Paulo e suas obras podem ser vistas em coleções importantes, como as dos Museus de Arte Moderna do Rio e de São Paulo, além da Maison Européene de La Photographie, em Paris.

Como parte da mostra, uma das salas laterais da Casa França-Brasil foi ocupada por uma videoinstalação com imagens do processo de corte e retirada das palmeiras, já condenadas, no Horto. O fato de as árvores utilizadas serem muito velhas e já condenadas tem relação direta com o nome escolhido para batizar a exibição. “Esta relação de perda, de envelhecimento, de derrubada deliberada de uma árvore pelas mãos do homem é muito importante para mim. É uma espécie de queda de braço travada entre o o ser humano e a natureza. Por conta dessa situação, pensei no nome ‘Tombo’”, finaliza o artista.

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