Por daniela.lima
Carminho faz na quinta-feira o show de lançamento de seu álbum ‘Canto’ (no detalhe)%2C que conta com a participação de Marisa MonteDivulgação

Rio - O primeiro artista brasileiro com quem a cantora portuguesa Carminho gravou foi Ney Matogrosso. Depois, vieram ninguém menos que Milton Nascimento, Chico Buarque, Nana Caymmi e, em seu novo CD, ‘Canto’ — que será lançado amanhã, no Vivo Rio —, tem Marisa Monte, Carlinhos Brown, Jaques Morelenbaum e Naná Vasconcelos. Caetano Veloso já a chamou de “um breve milagre”, aumentando o leque de admiradores brasileiros ilustres que ela coleciona. 

“Não, não é que seja uma coleção. Todas as participações aconteceram de uma forma natural e sincera. E já aconteceu muito mais do que eu poderia imaginar um dia!”, emociona-se ela.

O show no Rio será filmado para futuro lançamento em DVD, como que coroando essa antiga paixão em verde e amarelo. “O Brasil sempre teve uma presença muito forte em Portugal. Lembro de descobrir a música brasileira ainda criança, vendo as novelas brasileiras na televisão. Eu já me interessava em saber quem eram os intérpretes das músicas das trilhas sonoras”, recorda ela.

Depois, vieram os discos, que se tornaram uma influência para mim. Chico Buarque e Elis Regina foram os primeiros que comecei a ouvir. Logo fui conhecendo outros compositores, como Tim Maia e Cartola.”

Apesar dessa proximidade cada vez maior com o nosso país, Carminho, que é uma das mais notáveis representantes da nova geração do fado, faz questão de ressaltar que sua música é a portuguesa. “Claro, não quero abdicar da minha identidade”, decreta. “Quero ir ao Brasil apresentar a minha cultura, que passa pelo fado e também pela música tradicional portuguesa. Não é um disco de música brasileira, nem tenho essa pretensão”, avisa.

O fado já teve altos e baixos, já teve épocas de ouro, “mas nunca foi tão internacional quanto é hoje”, ressalta Carminho. “Amália Rodrigues (1920-1999) foi a primeira impulsionadora do fado no mundo, mas era algo muito cafona. Os meus amigos não gostavam de fado, por exemplo, era algo muito antiquado, considerado velho e ultrapassado. Mas eu gostava muito, e tinha vergonha de revelar isso.

Até chegar a ter segurança suficiente para dizer que gostava, demorou um tempo. Hoje, vejo o fado como o samba, uma música que é transversal ao tempo. Não existe um novo fado, assim como não existe um novo tango: existe o tango, existe o fado, o que existe é o tempo. E é ele quem vai definir o que vai mudar. Gosto de respeitar essa tradição da música do meu país. Seguir este meu caminho pode ser a minha contribuição para isso.”

Você pode gostar