Rio - Em ano de crise financeira, dólar e taxas de câmbio nas alturas, o cinema nacional também precisa rebolar para fechar as contas. “Sentimos na pele o corte de patrocínio”, diz o diretor do Cine PE, Alfredo Bertini, que deu o seu jeito para garantir que a 19ª edição do festival aconteça de sábado até 9 de maio.
“Se fosse só comigo, não estaria preocupado, mas está difícil para todo mundo. A área cultural está sempre mais propensa aos cortes”, analisa Bertini. O jeito foi só um: arrumar a casa, ou melhor, trocar de casa mesmo. Depois de passar os últimos 15 anos no Teatro Guararapes, no Centro Centro de Convenções de Pernambuco, o Cine PE, como bom filho, ao Cine São Luiz retorna.
Foi no clássico cinema, construído com mil lugares, em 1952, no bairro de Boa Vista, em Recife, que começou o festival. “O Centro de Convenções saía muito caro para a gente, além de outros aspectos que influenciaram na mudança, como a falta de segurança”, explica o diretor. Ele reconhece que há violência também no entorno do Cine São Luiz, mas que lá é o “templo mais apropriado” para o evento e que providenciou um apoio de segurança e organização para evitar problemas para o público.
Segundo Bertini, outro motivo que contou a favor da reorganização foi a cobrança muito grande que existia em sempre ocupar todas as 2.400 cadeiras do Teatro Guararapes. “Hoje em dia, nem jogo de futebol está conseguindo reunir tanta gente. E não é só isso. O evento começa cedo e acaba tarde. É preciso pensar em segurança e mobilidade”, comenta Bertini, que passou maus momentos da última vez que esteve no Centro de Convenções.
“Foi em setembro do ano passado. Quando saí de lá, fui assaltado”, lembra ele, já emendando: “Aí você vê: a gente sai e não pode nem tomar uma cerveja depois. Não dá.” Por isso, Bertini garante que, se depender da nova formatação, o Cine PE estará menor em números, mas não deixará a desejar no principal: sua programação.
Na abertura, em sessão hours concours, tem a estreia nacional de ‘O Exótico Hotel Maringold 2’, com a presença do diretor inglês John Madden (‘Shakespeare Apaixonado’). Serão sete longas e 15 curtas. Entre os representantes nacionais da mostra competitiva de longas, há produções do Rio de Janeiro, São Paulo e, é claro, Pernambuco. Aline Moraes e Lázaro Ramos protagonizam o drama ‘O Vendedor de Passados’, filme de Lula Buarque de Hollanda sobre um homem que negocia novos passados com as pessoas.
Outros gêneros, como o terror, também têm seus representantes. ‘O Amuleto’, de Jeferson De, traz Bruna Linzmeyer e Maria Fernanda Cândido em uma trama construída em volta do assassinato de vários jovens. O evento também traz homenagens à atriz Helena Ignez, Alceu Valença, Ariano Suassuna e ao ex-governador pernambucano Eduardo Campos.