Rio - Prosseguindo com a série de verbetes afetivos sobre o Rio de Janeiro, hoje com a letra S:
Sérgio Cabral — “Um menino da Mangueira/recebeu pelo Natal/um pandeiro e uma cuíca/Que lhe deu Papai Noel/Um mulato sarará/Primo-irmão de Dona Zica”. O autor desses versos (musicados por Rildo Hora) é o jornalista, cronista, escritor, crítico, pesquisador soberano da MPB, ex-vereador e letrista (infelizmente, bissexto) Sérgio Cabral. Nascido num mês de maio, em 1937, dia 27, esse impecável carioca suburbano de Cascadura está há mais de meio século na estrada, honrando e levando às alturas a nossa música popular brasileira, por meio dos livros que publicou, de jornais em que trabalhou ou que ajudou a criar e, mais recentemente, dos roteiros de musicais que tem escrito para o teatro, como o delicioso ‘Sassaricando’.
Sérgio Porto — Copacabana — ou melhor, os bares e boates do bairro — era sua praia. O mar de Copacabana também era sua praia, especialmente à altura das ruas Bolívar e Barão de Ipanema, que cruzam a Leopoldo Miguez, onde morava e tinha estúdio de trabalho. Nas águas de Copacabana, ele nadou muito, namorou muito, e nas areias jogou futebol com Heleno de Freitas, astro do Botafogo entre os anos de 1937 e 1948. Não era para qualquer um. Mas Sérgio Porto (1923-1968) não era qualquer um; era até Stanislaw Ponte Preta, e mais alguns. Cronista e frasista de pena ligeira e afiada, Sérgio foi também um ficcionista de fino trato, o que está registrado nas páginas deliciosas de ‘A Casa Demolida’ (1963), onde se destacam as lembranças de infância. O mulherólogo das Certinhas do Lalau, roteirista de shows para o teatro e a televisão, compositor, colunista diário foi, sobretudo, um narrador do dia a dia, sempre o mais lido das publicações por onde passou. Foi cronista lírico, enquanto Sérgio, ou safado, na pele de Stanislaw — em nome de quem assinou as impagáveis histórias da ‘Tia Zulmira’, dos Primos ‘Altamirando e Rosamundo’, e do delicioso ‘Festival de Besteiras que Assola o País’.
Simpatia É Quase Amor — O título é homenagem (e inspiração) a um dos mais célebres personagens das crônicas humorísticas de Aldir Blanc, publicadas originariamente no ‘Pasquim’ e reunidas nos livros ‘Rua dos Artistas e Arredores’ e ‘Porta de Tinturaria’: Esmeraldo, o popular Simpatia É Quase Amor. O mais carioca entre os blocos do Carnaval carioca fez o seu primeiro desfile em 1985. Daí para cá, ano a ano vê engrossar as fileiras, pois folião do mundo inteiro se programa para passar o Carnaval na cidade e desfilar no simpático Simpatia, o “amarelo e lilás” que enfeita e emociona (uma semana antes, no sábado, e também durante a folia, no domingo) as ruas de Ipanema.