Por daniela.lima

Rio - Enquanto a seleção frustrava os torcedores na disputa da Copa do Mundo 2014, times amadores davam o sangue em um campo no Sampaio, Zona Norte do Rio. “O futebol virou um mercado, e isso não me interessava”, diz Eryk Rocha que, descontente com a campanha que culminou no histórico 7 a 1 para a Alemanha, decidiu buscar as raízes do esporte por aqui. Não foi preciso ir longe do Maracanã, onde nossos carrascos conquistaram a taça. Bastou encontrar um gramado surrado no subúrbio, onde filmou ‘Campo de Jogo’, que entra em circuito nesta quinta-feira nos cinemas. 

Cena do documentário ‘Campo de Jogo’%2C todo filmado durante o campeonato anual de favelas do RioDivulgação


“Me perguntei o que tornou o nosso futebol tão original, poderoso e inventivo”, conta o cineasta, tentando entender o que fez o maior campeão mundial perder feio em seu próprio país. “Acho que a popular pelada é a expressão mais genuína disso”, completa.

A conclusão veio ao acompanhar a dedicação dos 14 times do campeonato anual de favelas. Paralelamente à Copa oficial, Eryk registrou homens com os nervos à flor da pele em campo e aos prantos fora dele. “Quando cheguei ao Sampaio, achei a síntese do que procurava”, define ele, que concentrou a maior parte do documentário por lá, onde aconteceu a final do campeonato.

Mas engana-se quem acha que ‘Campo de Jogo’ é um registro da competição de favelas. “O cinema tem esse poder de transferir a dimensão épica e estética do futebol. Também vi ali um campo de batalha, de afeto e de invenção”, conta Eryk. Por isso, o que se sobressai na tela não é a rivalidade dos times. “O que mantém vivo esse futebol é a paixão, a inocência, a ginga do povo brasileiro”, define o diretor. “Desses campos ‘terreiros’ é que veio a maioria dos grandes jogadores. Porque o futebol é uma expressão viva da nossa cultura. O lugar de uma juventude se expressar como potência.”

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