Por daniela.lima

Rio - Outro dia conheci uma menina chamada Izabel. Uma menina que nasceu com paralisia cerebral. Primeiro conheci a mãe da menina, a jornalista Bruna Saldanha, que trabalha com produção artística. Ela me presenteou com um livro que escrevera, chamado ‘Mãe da Izabel’ (Editora Multifoco, 2013), onde narra, sem qualquer ranço de autopiedade ou de pieguice, sua luta, desde a gestação, para garantir a melhor qualidade de vida possível para a filha. Começando exatamente pela gestação, o capítulo inicial chama­se ‘O susto’. E o desenvolvimento do texto nos mostra que, do susto ao aprendizado, a vida pode ser um pulo. Mesmo que às vezes no escuro. 

Luis Pimentel%3A Bebel%2C uma história de amorDivulgação


O livro de Bruna — linda e comovente lição do que podemos chamar de um exercício mental, físico e uterino do afeto incondicional — me emocionou em cada parágrafo, nos mais comezinhos relatos, em todas as demonstrações do que o ser humano é capaz quando se debate no limite da sinceridade. Não à toa, é dedicado por ela “aos seres dotados de amor”.

Impressiona­me o quanto o livrinho de menos de 100 páginas, com projeto gráfico singelo e discreto, pode ser útil a tanta gente (especialmente, mas não apenas, aos pais de crianças com necessidades especiais parecidas). Na apresentação, a também jornalista Claudia Silva Jacobs, mãe de um menino portador do espectro autista, diz que ‘Mãe da Izabel’, além de ser uma declaração de amor, é “uma demonstração de como este sentimento, aliado à determinação, pode fazer milagres, os milagres diários, as pequenas vitórias que estão transformando a vida da Izabel”. Tá tudo lá. Em seu relato, como a apresentadora observa e constatei depois vendo Bruna com sua menina no colo, mostra não só as dificuldades inerentes a essa realidade, como o passo a passo na busca “por tratamentos alternativos, as diferentes formas de encarar os obstáculos”.

Depois da primeira emoção, com a leitura do livro, pude viver a segunda: conhecer Bebel, poder tomá­la nos braços e dar um abraço apertado, como se já tivesse convivido com aquela criança alguma vez. Ela sorriu e me abraçou como se estivesse diante de alguém que também já conhecesse. De certa maneira, conhecê­la pelo texto da mãe deve ter plantado em mim este sentimento. E, pelas razões que a razão desconhece, Bebel parecia me olhar do mesmo jeito. Como o encontro se deu num bar, o nosso Bip Bip, aproveitei para fazer um brinde à vida.

Bruna Saldanha diz que o seu livro é apenas “A história normal de uma menina com paralisia cerebral”. Pode até ser. Mas é, sobretudo, a história de uma menina e sua mãe, vivendo um encontro especial e fadado a servir de lição. É a perspectiva de um mundo, “mundo que só quem tem um filho especial conhece”, ela escreve.

Esta crônica, que nem de longe tem a força dessas duas heroínas do dia a dia, é um presente de aniversário para Bebel — ela hoje está completando 7 anos de vida — e dedicada a Bruna e às histórias de amor.

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