Por tabata.uchoa

Rio - Ele chegou no sapatinho, com uma movimentação discreta, mas esquentou o clima no ano passado, em uma sala do Festival do Rio. Não demorou muito para que os olhares curiosos e os cochichos fizessem com que aquele furdunço todo no escurinho virasse notícia. Hoje, o filme ‘Meia Hora e as Manchetes que Viram Manchete’ entra em cartaz nos cinemas do Rio e São Paulo e O DIA dá ingressos para você assistir ao longa. Alcançar um número maior de pessoas é motivo de comemoração para o diretor Ângelo Defanti, que decidiu fazer o filme após ver uma chamada de capa no jornal ‘Meia Hora’ que dizia: ‘Luana não tem mais Dado em casa’, uma forma bem-humorada de noticiar a separação do casal Luana Piovani e Dado Dolabella, em 2008.

Filme do 'Meia Hora' mostra bastidores do jornal mais bem-humorado do BrasilArquivo

“Essa capa do Dado foi um divisor de águas para o ‘Meia Hora’. Antes, ele não era cult”, justifica Defanti. Depois desse episódio, o diretor passou a acompanhar com frequência as manchetes do tabloide carioca, que completa dez anos no próximo dia 19 de setembro. O encantamento pelas chamadas criativas e pela forma como o jornal trata as notícias instigaram Defanti. Pouco tempo depois, vinha o projeto do documentário: “Sem o ‘Meia Hora’, uma grande parcela de leitores não se manteria informada. Seria uma catástrofe.”

Com 78 minutos, o documentário traz animações com capas que tiveram repercussão, além de depoimentos de profissionais que fizeram parte da criação do jornal, artistas e especialistas. Entre os entrevistados está o editor-chefe Humberto Tziolas, responsável pelas capas do ‘Meia Hora’. Sua fala mansa e seu jeito tímido até fazem as pessoas duvidarem de que seja mesmo ele quem cria tantas manchetes engraçadas.

Valesca Popozuda é uma das famosas que mais estamparam a primeira página do tabloide carioca%2C protagonista do filme do diretor Ângelo DefantiArquivo

“Uma vez, uma universitária veio me entrevistar e se decepcionou, porque disse que eu tinha cara de rico”, conta o editor. Tziolas também acha graça quando escuta o diretor Defanti dizer que ele tem cara de nerd. Mas o jornalista se define como bem-humorado. Apesar de seu jeito fácil de fazer rir, o lema ‘perco o amigo, mas não perco a piada’ não funciona com ele. “Sou uma pessoa gentil”, diz, aos risos. Ele faz questão de enfatizar que as manchetes são, na maioria das vezes, pensadas em conjunto, e admite que usa muitas frases que ouve nas ruas ou nas redes sociais.

“Muitas pessoas sugerem chamadas, e eu confesso que adoro. Já usei até coisa que ouvi do porteiro”, explica Tziolas, que só deixa a gracinha de lado quando o assunto é sério: “Não brincamos com tragédia humana. Existe o limite do bom-senso e a gente fica na corda bamba para não errar o tom.”

Valesca Popozuda, que já estampou inúmeras capas do ‘Meia’, também marca presença no filme. “Adoro me ver na capa. Sou ‘Meia Hora’ Futebol Clube”, exalta a cantora. “Tenho só que agradecer a cada passo da minha trajetória, porque parte dela só foi possível por conta de cada entrevista, cada foto, cada notícia que o jornal deu a meu respeito. Ser personagem real de um filme histórico é demais”, acrescenta ela.

Os três anos iniciais de pesquisa para o filme apontavam que ele seria um curta-metragem. Ledo engano. “Inicialmente, seria um curta. Mas o ‘Meia Hora’ rende muito mais. O filme também mostra seções que vêm dentro do jornal, como Bofes da Semana e Gata da Hora”, acrescenta Defanti. O diretor ri ao lembrar que alguns paulistas duvidavam da existência de um jornal com manchetes “tão polêmicas”: “Fui fazer as animações do filme em São Paulo e eles achavam que era piada minha, que o jornal não existia de verdade. Levar esse filme para a população também tem um quê de descoberta.”

Os primeiros 15 leitores que ligarem a partir das 10h para 2461-2004 assistirão de graça ao longa

Você pode gostar