Por karilayn.areias
Cena do filme ‘Damas do Samba’: leveza, poesia e história Divulgação

Rio - A frase da cantora e compositora Mariene de Castro sintetiza o que o filme ‘Damas do Samba’, de Susanna Lira, estreia de hoje nos cinemas, expõe com leveza, poesia e acima de tudo embasamento histórico: o papel essencial das mulheres na consolidação do samba como patrimônio histórico nacional.

Sob a coordenação da doutora em Filosofia e pesquisadora de cultura afro-brasileira Helena Theodoro, o filme consegue dosar informação e conhecimento com momentos do mais puro lirismo. De certa forma, ‘Damas do Samba’ lembra um enredo de escola, em que o tema principal, com suas particularidades históricas, sociais e políticas, é desenvolvido em meio a um clima de grande celebração.

Conhecemos assim como as mulheres africanas chegaram ao Brasil e intervieram com trabalho, coragem e muita sexualidade na definição do nosso mais íntimo traço antropológico. Sabor, saber e sexo são indissolúveis na ação das damas do samba. Da culinária à conquista de espaço na ala dos compositores, afirmam uma personalidade ética e estética particular em que cérebro e corpo obedecem a um só comando. E que comando!

‘Damas do Samba’ registra como as mulheres assumiram novas posições, antes impensáveis, na cadeia econômica do Carnaval, ocupando postos nas diretorias de alas, afirmando-se como carnavalescas e chegando mesmo ao posto máximo de presidente de escola de samba.

Os momentos de canto espelham a força, a emoção e a vivacidade que emerge do mundo abordado por Susanna Lira. Beth Carvalho oferta o espectador com uma incorporação, não “imitação”, do canto incomum de Clementina de Jesus. Dona Ivone Lara, por sua vez, derrama doçura, ritmo e generosidade com uma interpretação antológica do seu clássico ‘Sonho Meu’, em parceria com Délcio Carvalho. Alcione faz uma reverência emocionada a Jovelina Pérola Negra. E o baile segue.

‘Damas do Samba’ manda beijinho no ombro para os estereótipos da mulata puro-sangue e enaltece as herdeiras de Tia Ciata como mulheres guerreiras, trabalhadoras, culturalmente comprometidas e acima de tudo conscientes do seu “poderzinho” básico. Afinal, sem elas não há samba. 

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