Rio - Triângulo amoroso não é o tipo da coisa que passa pela cabeça dos atores Mariana Rios, Leonardo Miggiorin e Marcelo Serrado, mas eles deixam esses valores de lado quando estão em cena no musical ‘Memórias de um Gigolô’, que estreia nesta sexta, no Teatro Oi Casa Grande. “Nunca passei por isso. Mas sei que hoje as pessoas estão descartáveis, muito vulneráveis. Eu gosto do conceito de família. Penso em casar, ter filhos. Uma hora isso vai acontecer”, deseja Mariana Rios, intérprete da prostituta Guadalupe no espetáculo.
Baseado no livro de Marcos Rey, com adaptação e direção de Miguel Falabella, o musical, com 25 músicas inéditas, traz à tona lembranças de Mariano, vivido por Miggiorin, um jovem gigolô que se apaixona por Guadalupe, que já tem um romance com o gigolô Esmeraldo (Serrado). A trama se passa entre as décadas de 30, 40 e 50. “Naquela época era bem diferente, não se tinha tanta oportunidade. Mariano buscava um amor e encontra no rival o impedimento para essa paixão. Hoje, as coisas são mais fáceis”, comenta Miggiorin. “O acesso muda tudo. A forma como as pessoas se comunicam, com toda essa tecnologia, transforma as relações. Antes, escreviam cartas, hoje é o WhatsApp. É a coisa da demanda e da oferta. Existe a facilidade de acessar outras pessoas, de trair. Mas, no fundo, o ser humano quer pertencer a alguém, quer ser amado”, acrescenta o ator.
No centro da disputa pelo amor de Guadalupe está Esmeraldo, mais experiente, mas nem por isso com mais vantagens. “Nunca vivi isso, dessa maneira. É uma disputa bem colocada. Acho a história bem contada, um musical divertido, até sarcástico em alguns momentos”, avalia Serrado, que não se posiciona em relação aos gigolôs da vida real: “É um livro lindo”.
Os figurinos de época fazem Mariana Rios viajar num universo bem distante do que viveu. “Quando coloco a peruca, tudo muda. Tenho outra postura. Ela era uma prostituta comportada. O texto é chique, se passa em 1930, ela não seria uma prostituta como hoje. As roupas não mostram muita coisa, é algo mais sensual, com mais pudor”, ressalta a atriz. Mariana ainda opina sobre as pessoas que passam por esse conflito amoroso na vida real. “A Guadalupe fica dividida, se apaixona pelos dois. Mas eu acho que o importante é a pessoa estar feliz na relação. Ficar nesse conflito não faz bem. O erro maior do ser humano é quando ele insiste em bater na mesma tecla. Tem que focar no relacionamento para não ficar pulando de galho em galho. Também acho legal que as pessoas curtam cada fase, cada momento novo”.
Para tentar ganhar o coração da amada, Mariano usa das artimanhas que aprendeu durante a vida. “Aos 12 anos, ele perde a família, o lar, e é adotado pela dona de um bordel. Logo cedo, ele tem que aprender a tirar vantagens das coisas, depois, vira um gigolô”, conta Leo, que defende o lema: ‘Cada um usa as armas que tem’. “A gente tem que se posicionar, usar diversas máscaras ao longo da vida, aproveitar as oportunidades. Mas tem a questão da índole. Às vezes, a pessoa não faz por má fé, mas por necessidade. Precisa tirar vantagens das coisas e aproveitar o melhor”.
Depois de horas exaustivas de ensaios, os três comemoram o resultado da parceria. “O ensaio era aquela coisa militar, das 13h às 21h. Fiz muita aula de voz. Não sou cantor, mas acho que cumpro bem essa função. O Miguel (Falabella) é exigente, mas tem tato ao exigir as coisas. O Leo é um grande ator e a Mari é um talento. Quando ela solta a voz parece que o mundo para”, define Serrado.






