Por tabata.uchoa

Rio - Uma notícia chocou o escritor João Paulo Cuenca, em 2011: ele estava morto desde 2008. “Foi uma crueldade”, define ele, que só descobriu o próprio atestado de óbito após ser fichado pela polícia, por causa de uma briga de condomínio. Intrigado, passou a investigar a história, que acabou se tornando o longa-metragem em cartaz no Festival do Rio, ‘A Morte de J.P. Cuenca’.

“O mais perturbador é que usaram o meu documento apenas para morrer”, desabafa o diretor estreante, que até hoje não descobriu como sua certidão de nascimento foi parar nas mãos de um defunto. “O que começou a me interessar mais é que o lugar que o cara morreu era um edifício invadido, que hoje é um condomínio de luxo, o Soul da Lapa”, diz ele, que viu aí um paralelo entre o roubo de sua identidade e as mudanças urbanas sofridas pelo Rio nos últimos anos.

“Isso aconteceu num lugar que representa a crise de identidade da cidade. E é sobre crise de identidade que o filme fala”, diz Cuenca, que se tornou obsessivo pelo caso, contratou detetives e, por conta própria, foi atrás de respostas. “Sou uma pessoa meio paranoica. Achei que era um tipo de conspiração. Até hoje não sei muito bem o que houve. O inquérito continua aberto”. 

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