Rio - Esqueça a cara feia de Henrique Fogaça, o mau humor de Erick Jacquin e a acidez de Paola Carosella. Jurados rigorosos do ‘MasterChef’, eles estão prestes a mostrar um lado mais ‘fofo’ na versão mirim do reality, o ‘MasterChef Júnior’, que estreia nesta terça-feira, às 22h30, na Band. Sem a mesma dureza com que julgam os adultos, os três chefs devem pegar mais leve com os candidatos — crianças de 9 a 13 anos, acompanhadas dos pais durante as gravações.
“Vou bater, queimar, cortar em pedaços”, brinca Jacquin, com aquele sotaque francês que, às vezes, precisa de legenda. “Aqui, as crianças são tratadas igual a reizinho e princesa. São as estrelas, muito mais que os adultos. Como vou fazer com elas? Normal, tranquilo...”
A fama de durão de Henrique Fogaça também vai por água abaixo com a garotada. “Sou do jeito que sou. Não faço personagem. A forma de tratar as crianças é diferente, sim. Sou pai, então tem muita verdade no que falo”, diz.
Mãe de uma menina de 4 anos, Paola Carosella não acha que deva ser maternal com os pequenos aprendizes, mas admite “dar colo” quando percebe que eles não estão bem. “Não posso ser a mãe deles, porque eles têm as próprias. Tenho que tomar muito cuidado de fazer o papel de júri. Às vezes, quando estão muito jururus, eu dou um carinho”, confessa.
Diferentemente da tensão do reality com adultos, o clima é mais festivo. Até a contagem regressiva das provas ficou mais light. “Diminuiu bastante a pressão do relógio. Na verdade, não há pressão alguma, apenas avisamos que o tempo está acabando. Mas todos entregam dentro do tempo”, conta a apresentadora Ana Paula Padrão. “Elas cozinham como gente grande.”
Na hora de julgar os pratos, os jurados usam a honestidade, mas sempre com jeitinho. Uma equipe de psicopedagogas dá suporte aos chefs, às crianças e aos pais. Para que os candidatos se sintam menos frustrados, dois são eliminados do reality a cada um dos nove episódios. “Quando não está bom, falo com honestidade e explico. A gente tenta ressaltar o que foi bem feito para que se sintam mais seguros do que estão fazendo”, diz Paola.
PAIXÃO DE INFÂNCIA
Assim como os 20 participantes do programa, a paixão dos chefs por cozinha nasceu ainda na infância. “Com 5 anos, eu já brincava com as panelas da minha mãe. Ela cozinha muito bem. Nunca imaginei fazer outra coisa na vida. Digo sempre: ‘Não escolhi a profissão, foi a profissão que me escolheu’”, conta Jacquin, acrescentando que seu filho, de 17 anos, não deseja seguir seus passos. “Não é uma vida normal, quem quer ter uma vida de família não pode ser cozinheiro”.
Fogaça tinha uns 8 anos quando fritou seu primeiro ovo. “Até os 12, só fazia ovo com arroz. Era adolescente quando comi sushi e resolvi fazer em casa”, recorda ele, que decidiu ser cozinheiro aos 22 anos. “Morava sozinho, comecei a cozinhar para me alimentar melhor e parar de comer comida congelada.”
Com 4 anos, Paola já ajudava as avós, imigrantes italianas, a fazer macarrão. “Passava muito tempo na casa delas, porque minha mãe trabalhava fora e meu pai não estava presente. Era uma vida muito simples, ficava o dia todo na cozinha”, lembra. Hoje em dia, a chef argentina incentiva a filha a realizar tarefas na cozinha. “Ela gosta de cozinhar, mas eu também a incentivo a pôr e tirar a mesa, lavar a louça. Desde pequena, ela foi introduzida a essas coisas, não é nada especial, é natural.”