Por clarissa.sardenberg

Rio - Abelim Maria da Cunha, a popular Angela Maria, não tinha nenhum plano de dominação da mídia quando assinou contrato com a Rádio Mayring Veiga em 1951. Imagine se tivesse: mais do que qualquer outra cantora de seu tempo (como Marlene e Dalva de Oliveira), seu reinado foi meteórico. Em três anos, já era a Rainha do Rádio. “Em pouco tempo ela já tinha vendido mais que todas as cantoras da época. Tiveram que criar prêmios só para ela”, brinca o escritor e pesquisador Rodrigo Faour, que lança ‘Angela Maria — A Eterna Cantora do Brasil’ (Ed. Record, 840 págs, R$ 85).

Cauby Peixoto (E)%2C Inezita Barroso e Angela Maria com Rodrigo Faour Divulgação

Mais que detalhar a vida artística e a esfera íntima de Angela, o livro vasculha o início do showbusiness brasileiro, nos anos 50. “Nessa época, começou a aparecer uma imprensa especializada em música. No cinema, tinham as chanchadas, e Angela participou de 20. Ela chegou a ter cinco programas simultâneos no rádio”, diz Faour.

Ele chama a atenção para a determinação e o protagonismo da cantora. “Ela veio de uma família miserável e botou na cabeça: ‘Vou ser milionária, famosa, dar uma casa para meus pais’. E trabalhou duro para isso. Numa época, Angela estava nos jornais nas seções de música, política e até polícia”, diz Faour, lembrando que Angela recebeu o presidenciável Jânio Quadros e até a banda Bill Haley & His Comets em casa. E esteve nas páginas policiais por problemas com um ex-marido, acusado de passar cheques sem fundo.

Faour passou anos pesquisando, mas teve apenas dois encontros com Angela para o livro. “Ela não gosta de falar do passado. Bem diferente da maioria dos cantores antigos, que têm rancores, pensam em acertos de contas. Mas contei tudo sobre ela”, diz. Aos 86 anos, lançando pelo selo Nova Estação o disco ‘Angela À Vontade Em Voz e Violão’, ela se diz feliz com o livro. “Claro que tem coisas que eu não gostaria de ver publicadas e que só interessam a mim, mas o Rodrigo é um pesquisador sério”, conta ela, dedicada aos shows do novo CD, que achou que não fosse dar certo. “Estou acostumada a grandes orquestras. Mas o resultado me surpreendeu”.

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