Por karilayn.areias

Rio - Se são os menores frascos que contêm os melhores perfumes, Ailton Franco Jr. não sabe. Mas como diretor do Curta Cinema, ele garante: “Há curtas-metragens incríveis por aí”. Sim, eles existem e são muitos. Mas se não fossem festivais como esse — atualmente em cartaz em três salas do Rio —, o espaço de exibição deste tipo de produção por aqui seria quase tão pequeno quanto a duração dessas histórias.

Henrique Dias%2C em ‘Som Guia’Divulgação

“Surgimos por essa falta de espaço nas salas comerciais”, conta o diretor, que comemora a 25ª edição do evento. “Antigamente, por lei, tinha exibição de curtas nacionais antes dos longas estrangeiros. Quando acabou a fiscalização, nos anos 90, sentimos a necessidade de criar um canal para exibi-los”, explica ele, que completa: “A Ancine (Agência Nacional do Cinema) deveria controlar isso. A lei existe, mas os exibidores não querem dar esse espaço, utilizado para propaganda agora”.

Procurada, a Ancine afirma que a lei, aprovada em 1975, perdeu sua efetividade, portanto, não é mais aplicável. “Não há qualquer sanção prevista em lei validada pelo ordenamento constitucional. O que impossibilita a exigibilidade da obrigação descrita no art. 13 da lei nº 6.281 de 1975”, respondeu, em nota.

Mas nem a falta de incentivo e espaço desestimula a proliferação de curtas nacionais. “Nossa programação tem vários filmes premiados pelo mundo”, comenta Ailton, feliz com o crescimento do festival, que hoje é internacional e uma das principais janelas para o formato no Brasil. Só este ano, até o dia 11, histórias de mais de 30 países são exibidas no circuito formado pelo Cine Odeon — Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, Centro Cultural da Justiça Federal e no Cine Arte UFF.

“A maioria das pessoas começa a fazer cinema com curtas. Não podemos nem classificar esses filmes em questão de gênero. É outra linguagem”, avalia Ailton.

Cena de ‘À Festa%2C À Guerra’%2C de Humberto Carrão SinotiDivulgação

Por isso, ele se orgulha de ter visto a evolução de centenas de profissionais ao longo dos 25 anos da mostra. O que, segundo o diretor, é refletido na qualidade da programação — dividida entre Panoramas Latino-Americano e Carioca, Programas Especiais, Retrospectivas e Foco México. 

Para o time nacional escalado para a competição há títulos como ‘Som Guia’, com Enrique Diaz e Mariana Lima no elenco; e ‘Até a China’, animação em que o diretor Marão conta o choque cultural que viveu por lá. Já entre os internacionais, um dos destaques é ‘Shipwreck’, do holandês Morgan Knibbe, sobre o desespero de imigrantes náufragos na costa de Lampedusa, em 2013.

Você pode gostar