Por luis.araujo

Rio - Hoje eu também cedi meu espaço. Sou mulher, compartilho dores e sofrimentos e, por isso mesmo, o #AgoraÉQueSãoElas de hoje é delas, das minorias-nem-tão-minorias-assim, das pessoas que sofrem com fobias, discriminações e maldades incomensuráveis, representadas aqui por uma voz ativa e corajosa. A palavra é dele, Carlos Tufvesson, estilista e militante de direitos humanos:

Fico muito honrado pelo convite da Bia para estarmos juntos nesta campanha #AgoraÉQueSãoElas. Sempre defendi a luta pelo direito das minorias como um dever cívico da maioria. Se eu não preciso ser negro para lutar contra o racismo, não preciso ser mulher para lutar contra o machismo, ninguém precisa ser LGBT para lutar contra a LGBTfobia.

“Tá cada dia mais difícil amar uma pátria que renega a própria população!” Recebi esta mensagem no Twitter de uma cidadã indignada com tudo o que lemos e assistimos diariamente em nosso cotidiano. Como responder a uma indignação dessas quando estou ciente que, por números oficiais, os índices de crime de ódio estão em aumento há oito anos sem que nenhuma medida efetiva seja tomada para reverter esse quadro?

Como explicar aos jovens ou às gerações futuras que quando, por números oficiais do Governo Federal, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos em nosso país, uma comissão do Congresso Nacional piora seu atendimento na rede pública tornando esse momento ainda mais penoso, desconsiderando o sofrimento inigualável de dor e total fragilidade que uma mulher se encontra após essa violação inimaginável? É abominável ver acontecer uma decisão dessas e tomada por pessoas cientes que o aborto clandestino é a quinta maior causa de morte entre mulheres em nosso país!

Estranhamente, esse moralismo seletivo é gerado por seres desprezíveis, que se acham superiores em direitos e deveres. Ele é usado para tentar excluir de seus direitos fundamentais cidadãos brasileiros em função de sua orientação sexual. Pouco importa se nossa Constituição diga que todos somos iguais perante a lei! Agora, inventaram que não somos famílias! Daqui a pouco, dirão que nascemos em árvores! Messianicamente, acham que seus dogmas e regras devem ser impostos a todo o país tal qual o nazismo considerava que a supremacia branca deveria ser levada a todos os países como salvação.

O mesmo machismo que estupra uma mulher em nosso país é aquele que atinge a uma parcela de nossa população que tenta a todo custo excluir de sua cidadania os homens e mulheres transexuais. Em pesquisa feita pelo Grupo Transrevolução, foi informado que 92% das travestis e transexuais que se prostituem nas ruas do Rio preferiam estar inseridas no mercado formal de trabalho. O preconceito imposto às pessoas trans lhes nega o direito a trabalhar apenas por serem transexuais, independentemente de sua qualificação profissional.

A crença que nosso futuro será melhor é fundamental para o nosso dia a dia e acreditar que nossa pátria não nos ama ou que nossos representantes não resolvem problemas a não ser os seus é não acreditar em nosso futuro como nação!

E isso porque apenas pela maldade de criar um clima de terror, como estratégia política de poder, jogando cidadão contra cidadão. Nada que a forma de Maquiavel já não nos tivesse cantado a pedra antes do “dividir para governar”!

Será que é esse mesmo o país que queremos entregar às próximas gerações? Reflita! “A democracia não é apenas a lei da maioria, é a lei da maioria respeitando o direito das minorias.” 

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