Por karilayn.areias

Rio - Chega ao Rio, hoje, a Mostra Palavra em Movimento, do artista multimídia Arnaldo Antunes, no Centro Cultural dos Correios. A exposição marca os 30 anos de produção visual de Arnaldo em que toda a poesia do músico emerge em meios técnicos distintos. Com obras e processo criativo marcados pelo vanguardismo, a mostra propõe uma síntese dessa trajetória eclética, enfatizando a produção de Antunes no âmbito das artes visuais contemporâneas.

Exposição 'Palavra em Movimento' está em cartaz no Centro Cultural dos CorreiosDivulgação

A exposição reúne caligrafias, colagens, instalações e objetos poéticos, além de adesivos, cartazes, áudios e vídeos de trabalhos realizados nos últimos 30 anos. O Rio encerra o circuito da mostra, que já passou por cidades como São Paulo, Brasília e Salvador, desde julho de 2015.

Segundo o curador Daniel Rangel, a maneira integrada de criar de Antunes é inspirada na poesia concreta e remete à expressão joyceanaverbivocovisual (referente a poemas de James Joyce), colocada em prática nos anos 1950 pelos concretistas brasileiros, dos novos modos de se fazer poesia. “Seja esta falada, escrita, desenhada, fotografada, filmada, construída ou cantada, sua obra estrutura-se a partir da palavra. Um dinamismo que caracteriza seu trabalho, aliado ao não pertencimento a um local ou gêneros específicos. Um mensageiro-viajante, cidadão do mundo, que manipula a linguagem como poucos”, afirma Rangel

O recorte cronológico da exposição, o mais completo já apresentado da obra do artista, evidencia um percurso no qual a poesia ultrapassa seus limites para se manifestar na letra de uma música, em placas de rua, em objetos comuns, em imagens com movimento ou até mesmo no tradicional papel, emoldurado e pendurado nas paredes da exposição.

A excentricidade de Antunes pode ser percebida em suas obras, o que levou o curador a lembrar-se da rica fusão referencial heterogênea do artista -herdeiro da poesia concreta dos anos 50, do rock e tropicalismo dos 60 e 70, da arte pop, e do movimento punk dos anos 80 -, aliada ao pleno domínio da linguagem e da comunicação, e a uma poderosa voz abissal que se tornou uma verdadeira marca.

“Ele é um artista do presente, que aborda temas atuais, conceitos políticos,comportamentais, ecológicos, espirituais e poéticos para diversos públicos e em contato com diferentes mídias”, acrescenta Rangel.

Os objetos e instalações poéticas, juntamente com os adesivos, banners e letreiros, buscam no universo do ‘readymade’ novas formas de retirar a poesia do papel. Poemas podem virar esculturas, objetos comuns com forma ou uso subvertidos, ou até peças que propõem uma interatividade e participação direta do público.

Em seu trabalho anterior, a exposição ‘O Interno Exterior’, apresentada no Rio em 2014, Antunes também usou o cotidiano como inspiração. Monitores digitais se tornam suporte para poemas estruturados a partir de leituras simultâneas de textos urbanos capturados em fotos de suas viagens, animadas em stop motion. Serão apresentados também alguns objetos de luz, uma fotografia ampliada e colada em um espelho, o video-poesia ‘Nome’, além de gravações sonoras com leituras poéticas de Arnaldo que, como afirmou o curador, de certa forma, aproximam o fã do cantor pop.

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