Rio - Com quinze anos de carreira como guitarrista, o paulistano Igor Prado, 33, lembra de quando era menor de idade e precisava de autorização judicial para subir ao palco com seu instrumento. "Eu era adolescente e já comecei a tocar com um pessoal de Chicago. Claro que eles olhavam para a gente e desconfiavam, 'putz, esses moleques...' Mas a gente nem tocava em lugar visado pelo juizado de menores, era só lugar de gente mais velha, o público do blues", conta o músico.
Ele sobe ao Palco Matriz da oitava edição do Bourbon Festival Paraty neste domingo, às 22h30. Igor, o irmão Yuri Prado (bateria), Denilson Martins (sax) e Rodrigo Mantovani (baixo) acompanham na cidade do litoral fluminense o cantor americano Willie Walker.
Desaparecido do mercado por muitos anos (começou na década de 60) e de volta à música desde 2002, Willie vem proporcionando ao público o que Igor considera como verdadeiras aulas de blues.
"Ele foi parceiro do Sam Cooke, Otis Redding, gravou na Chess Records. Depois ele largou tudo e trabalhou numa companhia de seguros, pela qual se aposentou. Ele vinha de uma família muito religiosa e não queriam que ele ingressasse no show business. Em 2002 teve uma reviravolta porque começaram a escutar os discos dele, e Willie voltou a fazer shows", conta Igor.
O guitarrista, já com uma agenda de shows bem forte fora do Brasil, fez contato com Willie em 2012 e iniciou uma turnê com ele. "Ele até diz que fomos a banda que deu coragem a ele para voltar e tocar com gente diferente. Quero levar o Willie para tudo quanto é lugar que dê para levá-lo. As pessoas tem que escutar o som dele. Cada segundo em que ele está cantando é maravilhoso. A gente sabe que é um negócio que não vai durar muito".
No show, Igor também lança seu mais recente CD, 'Way Down South', lançado no ano passado. Por causa do disco, a Igor Prado Band foi indicada na categoria de Melhor Disco de Artista Novo na premiação deste ano do Blues Hall Of Fame, que aconteceu em 5 de maio no próprio salão, em Memphis. Não levaram o prêmio, que ficou com 'The Mississippi Blues Child', de Mr. Sipp, mas Igor fica feliz em ter chegado lá.
"O disco foi feito sem pretensão. Acho que o que pegou os americanos nem foi a parte técnica, de solo, mas a parte do ritmo. Gravando, fomos quatro moleques brasileiros tocando como se fizéssemos uma roda de choro. Fizemos tudo ao vivo", lembra.