Rio - A personagem de hoje é de Campos, mas se considera carioca de coração. Mudou-se para a Cidade Maravilhosa com dois anos. E no Rio, como pupila de Maria Clara Machado, começou a trilhar uma carreira de sucesso. Neste dia da Consciência Negra, a coluna homenageia e conversa com a atriz e cantora Zezé Motta.
LILI: Zezé, como iniciou a carreira?
ZEZÉ: Na época de escola, eu estava sempre me exibindo nas datas históricas, lendo poemas ou cantando uma música. Quando eu terminei o ginásio, ganhei uma bolsa para o curso do Tablado, numa época em que a própria Maria Clara Machado dava aulas. Foi uma experiência fantástica. Assim que saí do Tablado, entrei em um musical chamado ‘Roda Viva’.
Meu pai foi contra. Ele tinha medo de que não desse certo. Depois, ele acabou cedendo, mas exigiu que eu tivesse um outro diploma. Então, me formei em contabilidade. No dia em que eu deveria buscar meu diploma de contadora, tinha um ensaio marcado. Nem fui buscá-lo! Eu costumo dizer que, hoje em dia, eu só sei contar história mesmo, porque de contabilidade eu não sei mais nada (risos).
Fazer arte no Brasil é difícil para todo mundo, mas para o ator negro é mais complicado ainda. Hoje, está havendo uma abertura maior. Mas ainda falta muito espaço na mídia para o ator negro. Não posso dizer que eu não tive sorte, porque manter uma carreira artística é mais difícil do que começar.
Eu já tive um piloto de um comercial recusado pelo contratante dizendo que a clientela deles era de classe média e que não aceitaria a sugestão de uma negra. Nunca soube quem foi o contratante. Os negros não podiam entrar pela porta da frente dos prédios. Éramos barrados.
Com relação a quem sofreu com preconceito no Brasil, isso é um absurdo num país tão miscigenado. A pessoa não tem que sofrer com isso, tem que combater e denunciar. Empenhar-se para que um dia não tenha mais racismo. E ainda temos muita luta para combatê-lo no Brasil.
Um deles foi quando passei no teste para fazer ‘Xica da Silva’ e o outro foi quando ganhei o primeiro prêmio Xica da Silva. Destacaria também os momentos em que estive apaixonada. Ai, como é bom, né?! Estou com saudades de me apaixonar!
Acabei de gravar um CD, ‘O Samba Mandou Me Chamar’, um sonho que estava na gaveta há anos. Vou realizar esse sonho em 2017! Também estarei na primeira produção brasileira da Netflix, o seriado ‘3%’, que estreia dia 25. E, por fim, vou participar de uma novela de Portugal, ‘Ouro Verde’, que terá cenas gravadas em Lisboa e em Vassouras (RJ). Um beijo? Para Zumbi dos Palmares!