Rio - Ana Botafogo... Primeira bailarina do Municipal desde 1981, nossa convidada deste domingo, imagine, começou a carreira por acaso...E evoluiu muito, não só no palco, como fora dele... Destaque de escola de samba, coreógrafa, jurada, atriz, é determinada e tem mania de limpeza.
ANA: As coisas aconteceram quase que por acaso. Fui estudar na França. Ficaria quatro meses estudando francês e me aperfeiçoando no balé. Mas, dois meses e meio depois, passei em uma audição, na Companhia do Roland Petit, o Ballet de Marseille. Foi aí que vi que queria a dança para minha vida. E lá se vão 40 anos. Morei dois anos e meio na Europa.
Quem me levou para os primeiros passos de dança foi a minha mãe, mas quem me inspirou foi a grande dama do balé do século 20, Margot Fonteyn. Outra inspiração na dança era a russa Maya Plisetskaya. Ao longo dos anos, tive muitos ídolos, como a Márcia Haydée.
Jamais. A vida do bailarino é essa: são muitos exercícios e treinamento físico. As dores musculares fazem parte desse dia a dia. A gente acaba se acostumando. Eu sempre tive vontade de me aperfeiçoar cada vez mais. O desafio é entrar em cena e chegar até o final de um balé, que pode durar até quatro atos. A maior vitória é quando a gente recebe os aplausos e o reconhecimento do público ao final de um espetáculo.
Uma delícia. Vale a pena todo o sacrifício por esses poucos minutos de aplausos, sobretudo quando são aplausos de pé. É a grande recompensa, é o nosso coroamento.
São meu alicerce. Eles são exemplo de vida, companheirismo e de amor aos filhos. Eles têm 62 anos de casamento.
Meus casamentos, com o Graham Bart e com Fabiano Marcozzi. Neles, não estava interpretando nada, apenas vivendo minha vida. Quando cheguei ao altar, fiquei muito emocionada. E eu que acho que sou a “rainha do controle”, não consegui domar minhas emoções.
O balé no Brasil é um orgulho. Há muitos talentos, mas é uma pena que não tenhamos tantas oportunidades. Há um êxodo muito grande por falta de campo de trabalho. A qualidade dos talentos brasileiros é impressionante. Os olhos do mundo estão sempre em cima dos nossos jovens.
Adoro. Vou muito menos do que gostaria. Adoro teatro musical. Temos uma safra de musicais brasileiros com artistas que cantam, dançam e interpretam. Acho que, no fundo, eu adoraria ser um deles (risos).
Exercitar e trabalhar sempre. Na dança e no balé não tem mais ou menos. Ou a gente se entrega por inteiro ou então não conseguimos ser profissionais competentes. O meu segredo foi nunca ter parado e insistido na forma física e nas aulas diárias.
Eu vivo muito intensamente o dia de hoje. Mas preparo ações para que eu esteja sempre em atividade. Sou aberta a desafios e novas parcerias de trabalho. Acho que as coisas acontecem no momento certo. O ano de 2017 será de esperança, recomeço e integridade.
Ver o Brasil passado a limpo. Que seja um país novo, com esses jovens procuradores e promotores que buscam conservar os reais valores da vida.