Por tabata.uchoa
Rio - O estudante de história Vitor Almeida diz, na orelha do seu livro ‘Suburbano da Depressão — Causos, Contos e Crônicas’ (Ed. Autografia, 104 págs, R$ 35), que sua alma mora em Olaria e seu corpo mora em Santa Cruz — ou seja, ele viveu bem o subúrbio da cidade e as modificações pelas quais ele passou todos esses anos. Muitas delas foram parar em sua página do Facebook ‘Suburbano da Depressão’, que brinca com as características e com as questões típicas da região, e já conseguiu quase 215 mil curtidas. Levar as histórias para o livro (que chegou a ganhar festa de lançamento justamente no Parque Madureira) foi natural.
Vitor é estudante de História e reuniu contos e crônicas sobre o subúrbio%2C com várias lembranças suas Divulgação

“Eu já escrevia bastante sobre o assunto. Tenho muitas lembranças de festas no subúrbio, com aqula gastronomia de ‘macarroneses’ (macarrão com maionese), de churrascos, de todo mundo ouvindo pagode no aparelho de CD no último volume. E das brincadeiras de criança”, recorda Vitor. Para contextualizar, ele iniciou o livro dando uma geral no termo “subúrbio”, que acaba definindo áreas muito diferentes (e por vezes muito distantes) do Rio de Janeiro. E explicando como o termo se tornou quase sinônimo de região desassistida e habitada por pessoas de menor poder aquisitivo.

FESTA INFANTIL
O livro abre com ‘causos’ relatando detalhamente como são churrascos e festas infantis no subúrbio, além da convivência familiar e seus desentendimentos e harmonias — cabe até uma receita de macarronese num dos textos! Há ainda alguns contos e crônicas, um deles até brincando com o fervor religiosoda região e a divisão entre igrejas neo-pentecostais e cultos afro.
Publicidade
“A ideia foi mostrar que os bairros têm uma dinâmica própria”, conta Vitor, que tem histórias guardadas para um próximo volume. “O próprio Rio, quando é exibido para o mundo, focaliza mais aquele lado de sandália Havaiana, Biscoito Globo, Cristo Redentor. E não é bem isso. No subúrbio as pessoas preferem Biscoito Fofura na hora do lanche. Ou aquela gastronomia de um salgado e um copo de guaraná natural por um preço bem barato”, brinca ele, lançando no livro o grito de guerra ‘Aqui é Fofura, p...!’. “É o que representa o subúrbio”, completa.