Por nadedja.calado

Rio - Ela tem o pensamento parecido com o meu. Se eu tivesse a idade dela naquela época, teria me exposto igualmente”, afirma a atriz Mariana Lima sobre sua personagem, Natália, uma professora de História na supersérie ‘Os Dias Eram Assim’, que promove a discussão entre seus alunos sobre a ditadura militar. Na trama de Angela Chaves e Alessandra Poggi, a docente é também um instrumento para esclarecer a população que desconhece o fato de que o país passou pelo Regime Militar, de 1964 a 1985.

POVO SEM MEMÓRIA

Essa constação veio depois que a Globo fez uma pesquisa de grupo de discussão — telespectadores reunidos para debater sobre alguma produção — e descobriu que parte do público desconhece o período importante da história nacional. “A TV tem obrigação de fazer isso, renovar e recuperar a nossa história. Nas pesquisas, verificou-se que as pessoas não têm quase memória de algo que aconteceu há pouquíssimos anos atrás, que a maioria de nós estava viva. Não estou falando de algo que aconteceu há 200 anos. É meio surpreendente. Acho importante como uma emissora se predispõe a falar e contar um pouco a história do país”, defende Mariana.

HISTÓRIA EM CASA

A paulistana de 44 anos conta que sempre gostou de história nacional e internacional e lembra que, quando era criança, ouvia histórias dos pais em casa. “Nenhum dos meus pais foram presos, mas eles eram estudantes e militavam de alguma maneira”, revela Mariana.

NADA MUDOU

Mariana Lima vive a professora Natália, em 'Os Dias Eram Assim'Divulgação

Segundo a atriz, as cenas de sua personagem não mudaram por causa do elevado nível de desconhecimento histórico por parte da população. “Dentro do contexto da Natália, ela já explicava. Ninguém me chamou para falar isso ou daquilo de educação. Estamos fazendo uma obra de ficção, uma obra de arte”.

PRESA E TORTURADA

Até por conta dessas aulas em que incentiva seus alunos (e público) a lutar por seus direitos, Natália será presa no capítulo de amanhã e violentada com um bastão durante uma sessão de tortura. “Não é algo fácil fazer esse tipo de cena. Li muitos relatos de pessoas próximas e conhecidas. Não é uma personagem fácil, leve. Tenho que me preparar, me concentrar, me proteger espiritualmente para não sair do estúdio aos prantos”, conta ela, que tem mais de 16 anos de carreira. “Eu me preparei muito. A gente tem um preparador da série, o Chico Accioly. Os diretores Carlos Araújo e Gustavo (Fernandez) foram todos muito atenciosos. A equipe toda foi muito cuidadosa para que fosse feito da maneira mais técnica e profissional possível”, derrete-se.

FAMÍLIA UNIDA

A violência sofrida por Natália mexerá tanto com seu emocional que, de heroína, ela agirá como vítima. A professora ficará reclusa, perderá a vontade de dar aula, e isso refletirá no casamento dela com Josias (Bukassa Kabengele), pois a docente perderá o interesse nos carinhos do companheiro. A professora ficará cada vez mais distante do marido. “Ela vira uma pessoa incapacitada para a vida, cheia de medo, aflições, com memórias sobre o que aconteceu. Mas como ela, o marido e a filha, Cátia (Bárbara Reis), têm uma relação amorosa e bonita, eles vão se apoiar. O Josias e a Cátia vão cuidar dela, trazê-la de volta para a vida e trazer de volta a paixão dela por lecionar”, comemora a atriz.

O CONVITE

Mariana lembra que foram várias as razões que a fizeram dizer ‘sim’ para essa personagem. “Por ser uma mulher normal, de classe média, com filha adolescente, professora de História”, recorda-se. Além disso, ela comemora o sucesso com os parceiros de cena Bukassa Kabengele e Bárbara Reis. “Espelha muitas famílias brasileiras. É difícil ver uma família interracial na TV”, observa.

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