Por tabata.uchoa

Rio - Disputado por autores, diretores, roteiristas, produtores, jornalistas e fãs de todos os gêneros, Cauã Reymond, 37 anos, é praticamente uma unanimidade. Mas, há cinco anos, os olhos do ator têm uma prioridade: a filha, Sofia, 5 anos, do seu relacionamento com a atriz Grazi Massafera. Desde o nascimento da pequena, o ator reconsiderou todas as suas escolhas, tanto pessoais quanto profissionais.

Cauã ReymondDivulgação

"Tenho quase zero vida social. Tudo que eu faço, seja qualquer palavra que eu diga, qualquer lugar que eu vá ou filme que eu me envolva, daqui a algum tempo ela vai pesquisar na internet o meu nome e quero que ela tenha, além do orgulho de mim como pai, uma boa referência da minha carreira", afirma o ator, que é protagonista e coprodutor do filme 'Não Devore Meu Coração', que chega quinta-feira aos cinemas. A direção e o roteiro leva a assinatura de Felipe Bragança.

LEGADO

Pai presente, Cauã precisou adiar os dias com a herdeira para rodar o filme no Mato Grosso do Sul logo depois de gravar a minissérie 'Dois Irmãos'. "Depois do longa, eu a compensei com muito tempo com ela", entrega o pai coruja. Ele ainda afirma: "(Esse filme) É um trabalho que ela vai gostar de ver. Vai dar um Google e vai falar: 'Pô, meu pai se envolveu nesse projeto que fala sobre um Brasil diferente, sobre esse cara diferente, linguagem que não é de todos e que pertence a todo mundo, fala do Brasil que entrou em guerra, sobre amor e abandono também'", torce.

CIÚMES

O ator conta que tem trabalhado também o seu lado "pai ciumento". Cauã lembra que a pequena chegou a falar que estava com um namoradinho, Dudu. "Eu não faço nada, do tipo: 'Quem é o Dudu?', mas fico de olho", conta, aos risos. Quando questionado se é do tipo pai ciumento, Cauã se contradiz. "Não sou um pai ciumento. Mas eu sinto ciúmes, mas não demonstro. Sou um pai muito presente", diz, em tom carinhoso.

REQUISITADO

Inquieto por natureza ("Vou continuar assim", diz), Cauã começou a gravar ontem a série 'Ilha de Ferro', de Adriana Lunardi, Mauro Wilson e Max Mallmann, que estreia em 2018, na Globo. A produção narra a história de pessoas isoladas em alto-mar. Ambientada em uma plataforma de petróleo, a série mostrará os sentimentos aflorados de quem fica longe da família e amigos, como Dante (Cauã), que disputa um cargo executivo na plataforma com Julia (Maria Casadevall), e eles acabam virando amantes. Só que já são comprometidos: ele com Leona (Sophie Charlotte) e ela com Bruno (Klebber Toledo).

"Gosto do cinema experimental. Nos filmes de arte, acabo podendo explorar outros tipos de personagens. As séries proporcionam personagens diferentes e na dramaturgia de novela eu, na maioria das vezes e com maior orgulho, acabo ficando com o mocinho", salienta. O ator explica que, mesmo contratado da Globo, não há uma imposição para que faça determinado personagem. "A gente conversa hoje em dia. Já aconteceu esse momento, sim, durante muito tempo, e fiz com muito prazer. Mas eu adoraria que me dessem um baita de um vilão", torce ele, que fez aulas de mergulho no Instituto de Ciências Náuticas.

PASSATEMPO

Dividido entre a vida doméstica e a profissional, Reymond ainda encontra tempo para uma antiga paixão: escrever poemas. "Eu escrevo menos. Quando eu vejo que está indo muito no caminho de autocelebração, aí eu paro. Quando estou muito para mim mesmo, eu paro. Quando eu era mais adolescente, mais jovem, fazia mais sentido. Mas agora, você fica mais prático quando você é pai", revela.

O FILME

O longa 'Não Devore Meu Coração' narra a história do garoto Joca (Eduardo Macedo), 13 anos, que se apaixona por Basano La Tatuada (Adeli Benitez), menina indígena do Paraguai. Os dois vivem separados por um rio, pela histórica guerra sangrenta entre seus países e diferenças culturais. Joca mora com o irmão mais velho, o aventureiro, sensível e conquistador Fernando (Cauã Reymond), um motoqueiro agroboy - quase um playboy do interior - integrante de uma gangue envolvida em rachas e suspeita de mortes misteriosas.

"O Fernando é um ser humano ambíguo. A insegurança dele é tão grande que ele fica com esse desejo de agradar todo mundo e faz ele se perder no meio do caminho e se dar mal", explica o ator. "O Felipe (Bragança, diretor) não tolhe de forma alguma o nosso trabalho. Ele deixa a nossa criatividade aflorar e vai se alimentando daquilo. É muito bom para um ator. Ainda mais trabalhando com pessoas que, na minha opinião, se tornaram grandes atores. Mas naquele momento estavam tendo o primeiro contato com o ofício", diz, sobre a maioria do elenco ser da região e não ser ator profissional.

BASTIDORES

A passagem de Cauã pela cidade de Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, onde foi rodado o filme, virou um acontecimento. Durante 15 dias, a rotina da localidade a 322 quilômetros de Campo Grande foi alterada. Sempre que podia, o ator ia de bicicleta da pousada onde estava hospedado até a academia da cidade. Eram dois quilômetros de percurso e muitas fotos de curiosos. "As pessoas ficavam na porta da academia. Foi legal. Tenho carinho pelo povo de lá", entrega, aos risos.

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