Rio - A Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage já conseguiu arrecadar mais do que o valor necessário para montar a exposição "Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", confirmada nesta terça-feira, para a segunda quinzena de junho.
No ano passado, a mostra — que aborda a expressão e identidade de gênero a partir de obras de artistas brasileiros, como Candido Portinari, Alberto Guignard, Lygia Clark e Adriana Varejão — foi cancelada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, e vetada pela prefeitura carioca no Museu de Arte do Rio (MAR), por ser considerada imoral por movimentos conservadores.
No dia 31 de janeiro, a instituição carioca lançou uma vaquinha virtual com meta de arrecadação de R$ 690 mil até o fim de março. Já nas primeiras 48 horas, o projeto havia arrecadado mais de 10% do valor. Após 58 dias, com mais de 1.400 doadores, o 'crowdfunding' alcançou R$ 802.941.
Com o leilão de obras de arte realizado na escola no dia último dia 15, o montante chegou a R$ 900 mil, e a meta agora passou a ser R$ 1 milhão. O valor a mais será aplicado no ciclo paralelo de debates sobre temas ligados à diversidade sexual e no programa educativo da instituição.
"A campanha abrangeu um público muito variado: tivemos doações de R$ 20 a R$ 10 mil. A população se engajou porque a censura é contra todos", celebrou o diretor da EAV, Fabio Szwarcwald. "A comunidade artística se sensibilizou muito com a causa. Para o leilão tivemos as obras de 83 artistas". Foram vendidas 55 peças, de nomes como José Bechara, Raul Mourão e Neville d'Almeida, e Caetano Veloso fez um show.
Os recursos serão usados na reforma das Cavalariças, espaço do Parque Lage que servirá à mostra, de curadoria de Gaudêncio Fidelis, e na operação e montagem das 263 obras, de 85 artistas. Não está descartada a possibilidade de a mostra ter classificação indicativa.
*Com informações do Estadão Conteúdo