Rio - Na novela 'Orgulho e Paixão', da Globo, Olegário (Joaquim Lopes) é um típico parasita do início do século 20: preguiçoso, canalha, trapaceiro, bajulador, sedutor barato, que está sempre em busca de uma nova "vítima" e dinheiro fácil. "Acho que esse lugar de malandro, muito safado, está ficando meio caído, está antiquado. Tem de ser abolido", defende Joaquim, que não vacila ao apontar o que é importante na hora da conquista. "Autenticidade, ser verdadeiro, a pessoa mostrar quem ela é, sem joguinhos e sem máscaras, até porque nada disso se sustenta no decorrer do tempo. Autenticidade é essencial", atesta.
'Vídeo Show'
"Sou com certeza um cara romântico. Tenho exemplos muito fortes em casa. Meu pai é romântico e o amor da minha mãe por nós três (meu pai, meu irmão e eu) é enorme. Não tinha como ser diferente", derrete-se Lopes, cujo nome chegou a ser especulado como opção para integrar o 'Vídeo Show' reformulado, sem Otaviano Costa, depois da Copa do Mundo 2018. "Estou à disposição (da Globo) para fazer novela ou voltar para o 'Vídeo Show'. Um ou outro, vou fazer com a mesma dedicação", frisa.
Sem brecar
De volta à novela das 18h da Globo, o que tem surpreendido os fãs da trama é que Olegário (Joaquim) tem dado provas de que está "mudando" para a melhor. No começo, ele era capacho de Susana (Alessandra Negrini), sua ex. Agora, como guarda-costas de Julieta (Gabriela Duarte), o malandro tem exercitado o lado bom da força. "Mas até ele chegar nesse norte (moral), ele vai tropeçar e vai ser um desastre, mas ele chega lá, se Deus quiser. É bem o tipo 'nós capota, mas não breca'", resume, com humor.
Erros
Todo mundo merece uma segunda chance? "A gente é ser humano e vai errar. O que podemos fazer pelo outro é perdoar e incentivar o outro a ser melhor. Claro que vai chegar uma outra que dá para falar: 'rapaz do céu, chega (de errar). Mas para o Olegário, que é um cara que nunca teve alguém que acreditasse nele, nem ele mesmo, a Julieta vem com esse voto de confiança", explica.
#Aurieta
Lopes nem cria expectativas sobre um possível romance entre segurança e patroa por uma razão simples: os fãs do quase casal #Aurieta junção dos nomes Aurélio (Marcelo Faria) e Julieta. "Existe uma torcida quase uniformizada. Concordo que esse casal (#Aurieta) é bonito demais. A relação de Olegário com Julieta é algo mais família, amizade mesmo. A Julieta vai mostrar ao Olegário que, dentro das limitações dele, é possível ser um cavalheiro", conta ele, que até postou uma foto com a colega de cena no Instagram. "Na legenda até coloquei: 'calma, galera, sou #Aurieta também'. Com casal que se 'shippa' (juntar as iniciais dos nomes) não dá para brincar", diverte-se, aos risos.
Apesar de parte do público ainda ficar um pouco com o pé atrás com a mudança do personagem, diga-se de passagem gradual, Lopes afirma que a desconfiança é natural. "Ninguém muda do dia para noite. Para mim é interessante colocar uma pitada de dúvida na cena. Será que o Olegário fala a verdade ou não?", provoca ele, que faz sua segunda novela de época. Em 2005, ele integrou o elenco de 'Os Ricos Também Choram', do SBT.
Social
"Gosto muito desse tipo de oportunidade, porque tenho a chance de estudar mais sobre a época, entender de onde a gente veio e entender onde estamos e para onde podemos ir, o tipo de fala, costumes", destaca ele, que, em 2014, viveu o homofóbico Enrico. "Ele era o capeta. Até eu tinha raiva. Foram oito meses que eu saía do estúdio pesadão, mal, chorava, carregado. Era uma energia pesada de ódio", lembra. "Meu papel como ator é trazer alguma discussão que leve à transformação. É muito fácil criticar, apontar o dedo. Mas tudo que aponta no outro tem em você. É muito melhor procurar qualidade no outro, ver o lado positivo das coisas", acrescenta.
Ainda longe da reta final da novela, que termina em setembro, Joaquim até gostaria que seu personagem encontrasse a cara-metade. "Mas antes disso, ele tem que se conhecer, tem que aprender a saber o que ele é. Não dá para amar ninguém se você não se ama. Se não tem essa referência, não tem como despertar esse sentimento no outro", ensina.