Joaquim Lopes - Reprodução
Joaquim LopesReprodução
Por Gabriel Sobreira

Rio - Na novela 'Orgulho e Paixão', da Globo, Olegário (Joaquim Lopes) é um típico parasita do início do século 20: preguiçoso, canalha, trapaceiro, bajulador, sedutor barato, que está sempre em busca de uma nova "vítima" e dinheiro fácil. "Acho que esse lugar de malandro, muito safado, está ficando meio caído, está antiquado. Tem de ser abolido", defende Joaquim, que não vacila ao apontar o que é importante na hora da conquista. "Autenticidade, ser verdadeiro, a pessoa mostrar quem ela é, sem joguinhos e sem máscaras, até porque nada disso se sustenta no decorrer do tempo. Autenticidade é essencial", atesta.

'Vídeo Show'

"Sou com certeza um cara romântico. Tenho exemplos muito fortes em casa. Meu pai é romântico e o amor da minha mãe por nós três (meu pai, meu irmão e eu) é enorme. Não tinha como ser diferente", derrete-se Lopes, cujo nome chegou a ser especulado como opção para integrar o 'Vídeo Show' reformulado, sem Otaviano Costa, depois da Copa do Mundo 2018. "Estou à disposição (da Globo) para fazer novela ou voltar para o 'Vídeo Show'. Um ou outro, vou fazer com a mesma dedicação", frisa.

Sem brecar

De volta à novela das 18h da Globo, o que tem surpreendido os fãs da trama é que Olegário (Joaquim) tem dado provas de que está "mudando" para a melhor. No começo, ele era capacho de Susana (Alessandra Negrini), sua ex. Agora, como guarda-costas de Julieta (Gabriela Duarte), o malandro tem exercitado o lado bom da força. "Mas até ele chegar nesse norte (moral), ele vai tropeçar e vai ser um desastre, mas ele chega lá, se Deus quiser. É bem o tipo 'nós capota, mas não breca'", resume, com humor.

Erros

Todo mundo merece uma segunda chance? "A gente é ser humano e vai errar. O que podemos fazer pelo outro é perdoar e incentivar o outro a ser melhor. Claro que vai chegar uma outra que dá para falar: 'rapaz do céu, chega (de errar). Mas para o Olegário, que é um cara que nunca teve alguém que acreditasse nele, nem ele mesmo, a Julieta vem com esse voto de confiança", explica.

#Aurieta

Lopes nem cria expectativas sobre um possível romance entre segurança e patroa por uma razão simples: os fãs do quase casal #Aurieta junção dos nomes Aurélio (Marcelo Faria) e Julieta. "Existe uma torcida quase uniformizada. Concordo que esse casal (#Aurieta) é bonito demais. A relação de Olegário com Julieta é algo mais família, amizade mesmo. A Julieta vai mostrar ao Olegário que, dentro das limitações dele, é possível ser um cavalheiro", conta ele, que até postou uma foto com a colega de cena no Instagram. "Na legenda até coloquei: 'calma, galera, sou #Aurieta também'. Com casal que se 'shippa' (juntar as iniciais dos nomes) não dá para brincar", diverte-se, aos risos.

Apesar de parte do público ainda ficar um pouco com o pé atrás com a mudança do personagem, diga-se de passagem gradual, Lopes afirma que a desconfiança é natural. "Ninguém muda do dia para noite. Para mim é interessante colocar uma pitada de dúvida na cena. Será que o Olegário fala a verdade ou não?", provoca ele, que faz sua segunda novela de época. Em 2005, ele integrou o elenco de 'Os Ricos Também Choram', do SBT.

Social

"Gosto muito desse tipo de oportunidade, porque tenho a chance de estudar mais sobre a época, entender de onde a gente veio e entender onde estamos e para onde podemos ir, o tipo de fala, costumes", destaca ele, que, em 2014, viveu o homofóbico Enrico. "Ele era o capeta. Até eu tinha raiva. Foram oito meses que eu saía do estúdio pesadão, mal, chorava, carregado. Era uma energia pesada de ódio", lembra. "Meu papel como ator é trazer alguma discussão que leve à transformação. É muito fácil criticar, apontar o dedo. Mas tudo que aponta no outro tem em você. É muito melhor procurar qualidade no outro, ver o lado positivo das coisas", acrescenta.

Ainda longe da reta final da novela, que termina em setembro, Joaquim até gostaria que seu personagem encontrasse a cara-metade. "Mas antes disso, ele tem que se conhecer, tem que aprender a saber o que ele é. Não dá para amar ninguém se você não se ama. Se não tem essa referência, não tem como despertar esse sentimento no outro", ensina.

Você pode gostar
Comentários