Peça com o ator Otavio Augusto - fotos Elisa Mendes/Divulgação
Peça com o ator Otavio Augustofotos Elisa Mendes/Divulgação
Por RICARDO SCHOTT

Rio - E a vida imitou a arte. Otavio Augusto acabou tendo que adiar a reestreia de 'A Tropa', peça na qual interpreta "um pai doente que recebe a visita dos quatro filhos no hospital" e vê a visita familiar se transformar num pequeno acerto de contas. E a causa foi justamente uma questão de saúde: uma fibrilação arterial, que exigiu a internação do ator, fez com que a encenação, marcada para o dia 21 de setembro, fosse reagendada para o dia 28. O texto de Gustavo Pinheiro, dirigido por Cesar Augusto, fica até a próxima segunda-feira no palco do Solar de Botafogo.

"A internação foi só um susto", tranquiliza-se Otavio Augusto, dizendo que o fato de ter sido internado não mudou nada da composição que ele já havia feito para o personagem. "Eu sou meio irresponsável no palco, no melhor sentido. Eu gosto de seguir o meu instinto na hora de interpretar, mudar coisas, inventar na hora. Esse é o meu jeito".

HISTÓRIA DO BRASIL

Otavio já vem fazendo o personagem (que é apenas chamado de "pai") há dois anos e meio, pelo Brasil. A peça chegou a atrair a atenção de mais de dez mil espectadores. Ao lado dele, no palco, estão os "filhos" Alexandre Menezes (Humberto), Daniel Marano (João Batista), Eduardo Fernandes (Artur) e Rafael Morpanini (Ernesto). O cenário da peça, feito por Bia Junqueira, apresenta um quarto de hospital com alguns poucos objetos que foram levados pelos filhos, de pertences do pai a presentes.

"Depois desse tempo fazendo a peça, nós da equipe nos encontramos para ver o que era preciso ser atualizado no texto e descobrimos que nada precisava ser mexido. Isso porque, infelizmente, o Brasil não muda", conta Otavio, lembrando que 'A Tropa' tem como pano de fundo os últimos 50 anos de história do Brasil, dos tempos da ditadura militar à Operação Lava Jato. "A população se sente idiota, sem perspectiva. Por outro lado, a ótima reação do público mostra que as pessoas estão atentas e informadas ao que se passa no país. Isso é bom".

CHACRINHA

Otavio, 73, está com cinquenta anos de carreira e vários projetos em andamento. Cinco filmes em que ele aparece estão por vir: 'Minha Família Perfeita' (de Felipe Joffily, com Isabelle Drummond e Rafael Infante), 'Eduardo e Monica' (de René Sampaio, inspirado na música da Legião Urbana), 'Carlinhos e Carlão' (de Pedro Amorim, com Luis Lobianco e Luis Miranda), 'Amigas de Sorte' (de Homero Olivetto) e 'Hebe - O Filme' (de Mauricio Farias), no qual interpreta Chacrinha.

"E Chacrinha é impossível de interpretar", brinca. "É uma personalidade muito forte, tudo emanava essencialmente dele. Eu o conheci pouco, estive como jurado no programa dele algumas vezes, mas convivi em algumas oportunidades. Era uma pessoa de personalidade difícil, mas era um cara que colocava tudo no devido lugar. Não me preocupei em imitá-lo. Fiquei emocionado quando me chamaram para interpretá-lo".

Colaborou Brunna Condini

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