Flávio MigliaccioThyago Andrade
Por BRUNNA CONDINI | brunna.condini@odia.com.br
Publicado 16/10/2018 03:00

Rio - Flávio Migliaccio reestreou 'Confissões de Um Senhor de Idade', na Cidade das Artes, na Barra, e fica em cartaz até 28 de outubro. Escrita e dirigida por ele, a peça foi montada ano passado, em comemoração aos 63 anos de carreira do ator, que diz não ter a contabilidade exata de quantos trabalhos, entre peças, filmes e novelas. Mas podemos dizer que só em TV foram aproximadamente 50 e em cinema mais de 20.

"A carreira artística aconteceu de uma maneira natural para mim. Não faço isso por vaidade, mas por necessidade. É como se eu fosse um pedreiro, um eletricista. E eu acho que fui um bom pedreiro, eletricista", diz Flávio, com real modéstia. "Vejo essa minha profissão como outra qualquer, sempre me sinto bem quando estou escrevendo, dirigindo, atuando ou mesmo carregando um refletor", completa.

Com o humor que lhe é peculiar, ele divide o palco com Luciano Paixão, que interpreta Deus encarnado no corpo de um simples mortal para propor um pacto: se Flávio ajudar a desvendar um caso que está acontecendo no céu, receberá a recompensa da vida eterna. A montagem é inspirada em episódios da trajetória do ator. "Na peça existem muitos momentos curiosos e engraçados da minha vida, como, por exemplo, nos que são projetadas fotos minhas vestido de galinha ou de árvore quando estava fazendo teatro infantil em São Paulo", conta.

HERANÇA DE FAMÍLIA

O paulista, um dos 17 filhos do clã dos Migliaccio, revela que descobriu a veia cômica em casa. "Pertencendo a uma família de descendentes de italianos, não foi difícil. O italiano, normalmente, tem esse comportamento cômico na vida. Lá em casa, foi sempre satirizando os vizinhos, os amigos e a própria vida que existia no bairro pobre onde a gente vivia", lembra.

"Sinto que minha carreira começou quando minha mãe ligava uma luz e projetava as sombras dos filhos num lençol que ela colocava na janela pros vizinhos, lá fora, assistirem. Vi que as pessoas gostavam daquela palhaçada toda que a gente fazia. Quando comecei a carreira, no Teatro de Arena de São Paulo, não havia tanta concorrência como hoje. Se tivesse, com certeza não estaria aqui, dando esta entrevista".

Ele e irmã, Dirce (Migliaccio) morta em 2009 , foram os artistas da família, mas Flávio salienta que os outros irmãos também poderiam ter sido. "Quando um diretor no Teatro de Arena me perguntou se eu tinha alguém em casa para fazer um papel numa peça lá, respondi: 'Tenho uma porção lá em casa'. E levei a Dirce", diverte-se.

Aos 84 anos, Flávio afirma que, ainda que fosse possível, não gostaria de receber a mesma 'recompensa' do seu personagem. "Apesar da minha idade, não penso em nenhuma recompensa após a morte. Vejo a morte como uma coisa absolutamente natural, como se a pessoa fosse uma árvore que nasce, cresce e um dia vai morrer".

E o que Flávio diria a um jovem ator?

"Que a arte de representar não é só viver no mundo das celebridades. O importante é sempre compreender que ele é o intérprete do ser humano no palco ou nas telas", diz.

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