Por BRUNNA CONDINI

Tem catarinense no samba! A atriz Paula Braun, nossa convidada para entrar na brincadeira de vestir looks com inspirações para cair em qualquer tipo de folia, ama esses dias de festa e o clima que invade a cidade. Animada, ela aproveita o tempo entre uma pose e outra para falar da paixão antiga. "Vim de Blumenau pra cá há 12 anos. Quando cheguei e vi essa cultura do samba, dos blocos de rua, me apaixonei imediatamente. Foi amor à primeira vista", declara-se. "Tenho uma identificação grande com o samba. Gosto de ir, de assistir aos desfiles. E com os blocos, que amo, tem essa coisa de tomar a cidade. Acho isso mágico. Desde que eu cheguei no Rio, saio todo ano".

FANTASIAS

Criativa, ela diz que adora garimpar peças para montar suas próprias fantasias. "Coloco a mão na massa mesmo. Adoro me fantasiar! Sou aquela que passa o ano todo entrando em lojas, escolhendo peças. Vou ao Saara. E guardo tudo em um baú lá em casa", conta.

Casada com o ator Mateus Solano, com quem tem Flora, de 8 anos, e o pequeno Benjamin, de 3, Paula fala da rotina da família neste Carnaval. "Vamos levar as crianças a alguns blocos. Vai ser o primeiro Carnaval do Benjamin. Vai ser demais", vibra. "Priorizamos os mais tranquilos, tradicionais, de bairro. Não sou tão fã dos grandes".

A atriz revela que, desde que ela e Mateus se conheceram, há 11 anos, curtem a folia juntos. "É lindo ver nossas fotos novinhos. Mas hoje eu que levo Mateus para os blocos. Ele curte, mas acho que não iria se eu não insistisse. Arrasto mesmo ele pra rua", diverte-se. "Ano passado, íamos a uma festa, mas estava lotada. Daí fomos para o Outeiro da Glória, e tinha uma bandinha descendo, fomos junto, atravessamos o Aterro, um bloco encontrou o outro, foi lindo".

Para a foliã apaixonada, só falta uma etapa ainda não cumprida no Carnaval carioca: "Desfilar. Ainda vou! Quem sabe agora que vou fazer 40 me programo para o próximo".

OLHAR DE DIREÇÃO

É um ano importante para Paula, que inicia 2019 finalizando seu primeiro filme como diretora e roteirista, um documentário, 'Iô Iô de Iá Iá', que fala sobre o amor, a velhice, a morte e a vida de casais de 30, 50 e 70 anos juntos. "Comecei esse projeto em 2015 e agora está ficando pronto. Este ano, ele faz festival e ano que vem entra em circuito. Fiz o filme na louca, com pouquíssimos apoios e com o que eu tinha", conta. "Esse tema da velhice e de como você chega lá me interessa muito. Tenho vontade de fazer uma trilogia. Quero falar da sexualidade e sobre a morte, a finitude", completa Paula, que depois de um período de pausa para estar com os filhos, também vai sair em turnê com o infantil 'Creme do Céu' e se prepara para começar a filmar o longa sobre a vida de Gretchen.

RESISTÊNCIA

Ela faz questão de salientar o caráter democrático da festa. "É para todos. Gosto dessa coisa de todo mundo junto", afirma. "É raro você andar longamente a pé pela cidade em que você vive. E ali nos blocos, está todo mundo fazendo isso feliz, brincando, é uma energia incrível".

Para a atriz, nem a atual condição de desamparo da cidade ofusca o significado que a festa tem de valorizar a cultura popular. "Carnaval é um tipo de resistência. Além de a cidade estar malcuidada e sem dinheiro para nada, a cultura está sendo abandonada. O Carnaval como manifestação cultural é algo que ainda resiste", analisa. "Este ano, vimos vários blocos tradicionais sendo impedidos de sair. Não sei, mas me parece um boicote. Acho que agora dá mais vontade de ir pra rua. Porque dá medo, vamos perdendo espaços. O Carnaval é um lugar de encontros também, onde podemos nos olhar no olho e dizer: 'Estamos aqui juntos, resistindo. Fazendo algo que tem a ver com nossa cultura, nossa identidade".

Você pode gostar
Comentários