Enzo Belmonte, 17 anos, ao lado da
Enzo Belmonte, 17 anos, ao lado da "madrinha" Beth CarvalhoDivulgação/Leo Queiroz
Por RICARDO SCHOTT
Enzo Belmonte, sambista de 17 anos, sentiu muito a morte de Beth Carvalho, ocorrida no dia 30 de abril. No dia 22 de dezembro, pouco antes da última internação da cantora, ele estava na casa de Beth fazendo a gravação de 'Trovador Urbano', música de seu novo EP, que tem a cantora como convidada (ao lado de Nelson Sargento e do maestro Rildo Hora). O cantor mal sabia que se tratava da última gravação da sambista - e o clipe da canção, cheio de imagens de Beth, chegou ontem ao YouTube.
"Devido ao estado de saúde da Beth, montamos uma estrutura de estúdio em sua casa. Chegamos lá às 17h e ficamos até meia-noite e meia. Além da gravação, conversamos sobre tudo, mas principalmente falamos de histórias do samba. Nunca vou me esquecer desse dia memorável, foram uma tarde e uma noite incríveis, de muitas conversas, muitas risadas e muito samba", diz Enzo, que reuniu no clipe três gerações de mangueirenses (ele, Nelson e Beth). A música é uma homenagem a um grande inspirador da cantora, Nelson Cavaquinho.
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Show que não houve
Morador do Morro do Pinto, na Zona Portuária, Enzo é afilhado musical de Seu Jorge, que conheceu na infância — cantou 'É Isso Aí', hit dele com Ana Carolina, num karaokê, e sua família mandou um vídeo da performance para a produção do cantor, que quis conhecer o garoto ("ele até me aconselhava a andar por todos os ritmos", afirma). Mas foi despertado para o samba justamente pela trajetória e pela música de Beth, ao assistir 'Andança — Beth Carvalho, o Musical'. Acabou conhecendo a cantora num camarim de show e ganhando dela vários conselhos.
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Enzo inclusive havia sido convidado por Beth para participar de seu show de aniversário no Vivo Rio, que estava agendado para o último domingo. "Soube da morte dela quando estava numa aula de cavaco com meu professor Rafael Prates. Minha mãe entrou na sala e só no olhar dela eu já sabia, ela não precisou falar nada", diz Enzo, que costumava ligar bastante para a madrinha do samba. "Eram bate-papos que duravam horas. Ela sempre me dizia para nunca desistir dos meus sonhos".
O sambista fez várias visitas a Beth no hospital, nos últimos momentos de vida da sambista. Lembra que a cantora continuava animada, apesar de tudo. "Uma semana antes da morte dela, Beth me ligou. Pediu que eu fosse no hospital no dia seguinte pra ensiná-la a compartilhar coisas pelo Whatsapp. Se eu soubesse que ali seria nossa despedida, eu a teria abraçado muito mais", recorda.
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"Beth me ensinou muito sobre o samba, sobre a música de uma forma geral. Ela era extremamente perfeccionista. Quando eu levava o cavaquinho pro hospital, ficávamos lá cantando uns sambinhas. E às vezes, ela corrigia alguns acordes que eu fazia. Ela me dava aula no hospital!", espanta-se. "Beth era incrível, uma mulher guerreira e que tinha o amor pela pelo samba e pela vida. Lutou até o fim".
Samba na faculdade?
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Aos 17, Enzo está no último ano da escola e se prepara para o vestibular. Pretende fazer faculdade, só não decidiu qual. Mas vai continuar na música. "O samba pra mim não é simplesmente um estilo musical, mas sim uma religião! Trabalhar com que a gente gosta é uma dádiva. No meu caso, é uma tremenda alegria poder cantar sambas para o nosso maior incentivador, o público. Esse meu progresso musical está sendo muito gostoso de trabalhar", alegra-se.