Mc Rebecca é um dos destaques da Batekoo, em Pilares - Divulgação
Mc Rebecca é um dos destaques da Batekoo, em PilaresDivulgação
Por Gabriel Sobreira
Dona dos hits 'Cai de Boca', 'Sento com Talento', 'Coça de Rebecca', 'Ao Som do 150', MC Rebecca é um dos destaques da edição carioca da festa Batekoo, hoje, a partir das 23h, no Ciep de Pilares (Rua Casimiro de Abreu 176, Pilares).
"Me sinto muito feliz. Como sou nova no funk, isso já é muito grande pra mim porque o público LGBT é maior e muito fiel. Fico muito lisonjeada de participar dessa festa e ser a anfitriã da noite", diz a artista de 20 anos, com nove meses de carreira. Em tempo, esta será a primeira vez de MC Rebecca na festa. Em fevereiro deste ano, ela cantou para mais de 40 mil pessoas no Carnakoo, bloco da Batekoo, em São Paulo.
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Os ingressos vão entre R$ 10 e R$ 25 (tem uma lista trans free, em que pessoas trans são vip). "Não diria que a festa é inclusiva. Seria uma festa inclusiva se fosse feita por pessoas brancas heteronormativas. Pessoas trans aqui não são incluídas, elas são protagonistas", afirma a publicitária. "As pessoas que fazem a festa possuem narrativas em primeira pessoa. Então, aqui temos trans trazendo questões e diálogos prioritários para pessoas trans, e não só. Quantas pessoas trans existem nos lugares que você frequenta trabalhando e se divertindo?", questiona.
MOVIMENTO
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A Batekoo nasceu em Salvador de uma forma despretensiosa. Foi criada por Maurício Sacramento e Wesley Miranda, em dezembro de 2014, como uma brincadeira entre amigos para comemorar a despedida de Miranda, que estava de mudança para São Paulo. "Hoje, a festa acontece em Salvador, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo, onde moram Miranda e Maurício. A festa, que atualmente tem edições em vários estados, estará no Festival Afropunk, no Brooklyn, em agosto deste ano. Esse evento é uma referência para os meninos desde o início, lá em 2014, quando reuniram em uma despedida amigos pretos e LGBTs", diz a publicitária Rachel Xexéu, produtora da edição carioca. "A Batekoo não é só uma festa, ela se tornou um movimento em que essas pessoas se enxergam, se encontram, se identificam".
CRIADORES
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Segundo Rachel, movimentos como a Batekoo fazem sucesso desde a década de 1970, no surgimento do Movimento Black Rio quando nasce a Soul Grand Prix, primeira equipe de funk do Dom Filó. "Naquela época, os eventos reuniam até 15 mil blacks, como os pretos se denominavam. Esses movimentos nascem da necessidade da identificação, união, sensação de liberdade e segurança do público que os compõem", conta a produtora.
"Nós somos mais da metade da população. No entanto, vivemos em uma estrutura racista que funciona para que sejamos seres atomizados, e que tenta por todos os meios construir imagens negativas do que somos. Na Batekoo ou no Movimento Black Rio, como dizia (o ativista político norte-americano) Jesse Jackson no festival Wattstax, de 1972, 'nós somos alguém, nós somos pretos, nós somos bonitos, devemos ser respeitados, devemos ser protegidos'. E para além disso, existem coisas que pretos já sabem para lá de 400 anos. Mas também existem coisas que pretos já sabem para lá de mil anos. Pretos estão criando, criando moda, cultura, filosofia, empreendendo. E na Batekoo você encontra tudo isso. Tudo o que por anos tentaram esconder que nossos ancestrais foram capazes de fazer e que nós também somos", diz. 
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