Com passagens por festivais brasileiros e internacionais, Boogarins mostra 'Sombrou Dúvida' no Circo Voador  - Pedro Margherito / Reprodução Facebook
Com passagens por festivais brasileiros e internacionais, Boogarins mostra 'Sombrou Dúvida' no Circo Voador Pedro Margherito / Reprodução Facebook
Por THIAGO ANTUNES
Rio - Dois nomes conhecidos no circuito independente de suas cidades, São Paulo e Goiânia, as bandas Terno Rei e Boogarins fazem, nesta sexta-feira, shows de celebração no Circo Voador, tradicional casa de shows na Lapa, no Centro do Rio. Com discos lançados esse ano — Violeta e Sombrou Dúvida, respectivamente  —, ambos bem recebidos entre público e crítica, as bandas devem basear o repertório nas obras recentes, sem esquecer das canções que os fizeram causar barulho na cena.
O Boogarins tem quatro discos de estúdio na bagagem, calcados no rock psicodélico e influências diversas, tendo tocado em diversos festivais no país e no mundo. Sombrou Dúvida é uma espécie de nova leitura dos anos iniciais dos goianos, onde as guitarras melodiosas casam com climas às vezes soturnos, às vezes etéreos. Já os paulistanos de Terno Rei começaram a chamar a atenção no mundo indie com seus dois primeiros álbuns de estúdio e a construir um público fiel conforme faziam shows em várias cidades, também com passagens por eventos internacionais. O DIA conversou com Benke Ferraz e Bruno Rodrigues, guitarristas das bandas, sobre carreira, planos futuros e o show no Circo.
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O DIA - O Terno Rei tem três discos na carreira. Essas álbuns foram chamando a atenção de público e crítica, mas com Violeta parece ter acontecido um salto. Vocês fizeram o disco que queriam?
Bruno Rodrigues: Com certeza. A gente conseguiu chegar no resultado que queríamos. Foi tudo muito bem pensado entre nós quatro e não ficaríamos satisfeitos sem ser o que imaginávamos. Agora, acho que também estamos colhendo os frutos desse acerto. 
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Como é o processo de composição e como chegaram nesse resultado?
Geralmente a gente faz uma jam ou alguém da uma ideia sobre como uma música segue e assim vamos seguindo. As letras são feitas pelo Ale (Sater, vocalista e baixista). Os produtores (Amadeu De Marchi e Gustavo Schirmer) nos ajudaram muito nesse aspecto, tiveram um papel bem forte. Eles conseguiram deixar o disco com uma cara bem pop. E a aceitação tem sido muito boa.
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E como chegaram até os dois?
Nós estávamos buscando um produtor diferente, tentando procurar alguém que entendesse essa nova dinâmica. Aí conversamos com os meninos do Marrakesh (banda curitibana) e tínhamos gostado bastante do disco deles, da estética por trás. Perguntamos quem tinha feito, elas contaram do Amadeus e do Gustavo e entramos em contato. E aí deu tudo certo.
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Você canta uma música no disco, 'Estava ali'. Como decidiram por incluí-la no repertório?

Então, nós tínhamos uma ideia de ter outra pessoa no disco pra dar um respiro mesmo. Fizemos a música juntos, comigo cantando e a letra foi pensada no estúdio. Essa música também está sendo bem elogiada pelo público que curte a gente.

E sobre essa nova fase da banda? Os shows estão ficando cheios e há uma turnê grande. Como tem sido para vocês?

Acho que foi um somatório de fatores. O disco realmente está fácil de ouvir, até para quem não nos conhece. E tem trazido um público novo pra gente, que está reagindo bem às músicas. Só temos a agradecer esse momento e esperamos tocar cada vez mais em outros lugares.

Vocês também já tocaram em festivais pelo mundo. Há planos nesse sentindo?

Por enquanto, não. Queremos começar a fazer essa ponte para tocar em Portugal e na Espanha. Mas tudo isso ainda está apenas conversas iniciais. 

Como será o show no Circo Voador?

Vamos fazer uma mescla dos nossos primeiros discos, tocar músicas que o público gosta, mas dar mais destaque ao Violeta.
Como é tocar com o Boogarins? Vão tocar juntos no Circo?

Nós já tocamos com eles em Recife, eu sou superfã do trabalho deles. O disco novo está bem legal. Mas cada banda terá seu tempo de apresentação. O que faremos para o segundo semestre é tocar com o Tuyo, teremos um EP com duas faixas inéditas de cada banda. Eles vão participar da nossa música e nós da deles.
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O DIA - Vocês estão juntos há um tempo no Boogarins e você produz material há tempos. Como foi produzir com o Gordon Zacharias?
Benke Ferraz: O Gordon é nosso empresário. Ele já vem trabalhando na produção executiva do nossos discos. Ele assinou a produção, mas não sendo figurado. Tudo em relação à produção em si tem meu nome, mas a visão de como é o trabalho atual é dele, que achou que devíamos enveredar por esse caminho de agora. Essa visão a gente foi crescendo junto desde o 'As plantas que curam' (primeiro disco do Boogarins).

E como foi esse processo para você?

Acho que foi um aprendizado de laboratório, o diferente será quando eu abrir mão disso. Acho que, nesse disco, tivemos a oportunidade de trabalhar com um engenheiro de som dos melhores, que elevou o nosso som para outros lugares. Tinha uma captação de takes da bateria que a gente não tinha pensado para o disco. Esse foi o disco nosso que mais me agradou, onde conseguimos explorar essa pegada mais pesada em estúdio. Nós sempre tivemos um pouco disso, mas com o 'Lá vem a morte' (disco anterior) a coisa era um pouco mais sampleada, mais eletrônica, experimental. Esse impacto foi importante pra gente.

Ouvindo o disco, me parece que vocês fizeram uma espécie de revionismo da carreira de vocês, enquanto também experimentam novos caminhos. A intenção era essa?

Com certeza. Eu acho que há uma linha que cruza todos os trabalhos, que é nosso jeito de compor, o jeito do Dinho (Almeida, vocalista e guitarrista) de compor, que foi evoluindo pra gente criar os trabalhos juntos. Tem momentos bem oníricos, de paisagem que são bem sonhadoras, que passam por um plano do sonho que lembra o 'As plantas...' e outras passagens são bem pé no chão e lembram o 'Manual' (segundo disco), que foi gravado na fita e não tinha muita coisa de pós-produção. Acho que o Sombrou Dúvida sintetiza um pouco das duas coisas, pois é gravado com alta fidelidade, mas também com a gente dominando mais essa linguagem de estúdio sem descaracterizar a performance da banda e também criando em cima disso. 

Vocês já tocaram no Circo Voador algumas vezes. Como é tocar num palco tão tradicional?

É maravilhoso. Falo sem sombra de dúvida (risos) que o Circo é um de nossos palcos preferidos da vida. E creio que vamos pisar no palco pela quinta ou sexta vez. No inicio a gente nunca ia imaginar que fosse tocar aí. Nosso segundo show já foi com O Terno e o Audac. Tocamos com O Terno mais umas duas outras vezes, foram sempre noites incríveis, com um palco que possibilita muito essa troca com o público, por ser muito bom e nos aproximar da plateia. Nós sempre interagimos com o público também, estaremos com barracas de merchandising, assistimos outras bandas...então a gente espera muito por isso e também aproveita bastante. 

Conte como foi a ideia de fazer esse show com o Terno Rei.

Foi uma sugestão do pessoal do Circo e nós topamos na hora. Nós já conhecíamos eles de outros festivais, tocamos no Bananada quando eles tinham outra formação. Agora com esse disco novo eles deram uma crescida e é muito massa dividir esse momento. Alias, para nós também será a primeira vez que vamos tocar no Circo lançando um disco, um mês depois de colocarmos ele na rua. Então pra gente está sendo muito especial todo esse momento.
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Há alguma surpresa por aí, vocês vão dividir o palco?

Acho que vai ser cada um no seu show, porque todos estão muito envolvidos em uma coisa. Nós já fizemos 12 datas desde o dia 10 de maio, uma uma escolha meio maluca e muito intensa. É bem esse trabalho de ver o disco crescendo nas pessoas enquanto estamos tocando as músicas dele. Apesar de parecer uma oportunidade perdida, acho que vai ser ótimo de todo o jeito, para os dois.

O Boogarins tem uma certa tradição de tocar em festivais internacionais. Vem turnê por aí?

Faremos nosso último show aqui no dia 28 de junho. No dia 1º de julho vamos tocar em Paris e depois vamos para um festval na França e tocaremos com o Airto Moreira, em um evento bem diversificado. Também vamos passar pela primeira vez na Polônia e fechamos o Paredes de Coura, um dos grandes festivais de Portugal. Já passamos até pelo Rock in Rio Lisboa e todo mundo fala q tínhamos que ir no Paredes, por ter um público mais jovem...então estamos bem animados.
Serviço
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Boogarins - Lançamento 'Sombrou Dúvida'
Abertura: Terno Rei - Lançamento 'Violeta'
Data: Sexta, 07/06
Local: Circo Voador

1º Lote
R$ 50 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60 anos)
R$ 50 (ingresso solidário válido com 1kg de alimento)
R$ 100 (inteira)

2º Lote
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R$ 60 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60 anos)
R$ 60 (ingresso solidário válido com 1kg de alimento)
R$ 120 (inteira)

Ingressos à venda na bilheteria do Circo (dinheiro) e na Tudus no link http://bit.ly/boogarins_ternorei
Horário de Funcionamento da bilheteria: De terça a quinta, das 12:00 às 19:00; sexta das 12:00 às 00:00; sábado das 14:00 às 00:00. E sempre 02 horas antes de cada evento.