Malía: primeiro disco lançado em abril - Divulgação/Tuiki Borges
Malía: primeiro disco lançado em abrilDivulgação/Tuiki Borges
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Malía é uma cantora de 20 anos, lançou em abril o disco de estreia, 'Escuta', e é uma artista nascida e criada na Cidade de Deus. Prestes a levar seu som para Rock in Rio 2019, onde se apresenta no Espaço Favela, ela lembra de ter tido, na comunidade em que nasceu, uma vivência bem diferente daquela que chega aos jornais.

"Favela é um espaço muito musical. Se você for numa favela todos os dias, vai ver gente escutando música em alto volume todos os dias. Falam muito de violência quando o assunto é favela, e a primeira coisa que vem à minha cabeça é amor e companheirismo. Vi muita violência, claro, mas meus pais tiveram jogo de cintura para contornar isso", conta Malía, que une pop, r&b, reggae e demais estilos.

"Existem possibilidades para quem vive em favela, mas tem que haver oportunidades. Acho ótima essa iniciativa do Rock in Rio porque quem vai estar lá é o artista vindo da favela, e o espaço será uma vitrine para ele. Imagina sair da comunidade e ir para o palco do maior festival do mundo?", alegra-se.

Malía foi ao Rock in Rio 2017 com o namorado (com quem mora hoje em Jacarepaguá, embora continue indo semanalmente à Cidade de Deus) e até hoje se belisca para acreditar no que viu. Inclusive levando em conta que, daqui a poucos meses, é ela quem estará lá.

"Nunca pensei em cantar tão rápido no Rock in Rio", confessa. "Meu namorado e eu ficamos encantados com a estrutura. Sei o quanto é complicado você ter uma boa estrutura de palco, mas quando o Bon Jovi entrou no palco, parecia que ele estava cantando do meu lado!", brinca. "Num país em que existe pouco investimento em cultura, isso é surreal".

MPB

O nome de Malía é, na verdade, Isadora Machado. O nome artístico Malía, que ela diz não ter sido inspirado no da filha do ex-presidente norte-americano Barack Obama, foi encontrado na internet. "Gosto do 'ma' do Machado, minha mãe é Maria Isabel, 'Malía' é o começo e o fim do nome da minha avó... É um nome bem familiar", brinca.

Bem antes da escolha de nome artístico, Isadora era uma menina que preferia Elis Regina e Djavan enquanto as amigas de colégio curtiam pop e funk. "Minha casa era muito musical e o que mais pais ouviam deu no que ouço hoje. Com onze anos eu pegava os CDs da minha mãe. Ela sempre dizia que eu tinha que saber quem eu era, saber o que eu tenho. Dizia que quando você sabe o que é, tem segurança", afirma a cantora, que além de músicas novas como 'Dilema' e 'Fashion', releu 'Faz Uma Loucura Por Mim', sucesso de Alcione, no primeiro CD. Além do Rock In Rio, o repertório de 'Escuta' está sendo apresentado no Dozen Art Bar, no Leblon, onde Malía canta novamente em 27 de julho.

Carreira

Malía estudou em escola pública e depois conseguiu uma bolsa numa escola particular na Lagoa, onde concluiu o Ensino Médio. Enquanto decidia por uma profissão, começou a postar vídeos onde aparecia cantando, nas redes sociais. Foi lá que produtores a viram cantando e ela acabou sendo contratada pela Universal. Malía foi incluída inicialmente no selo Duto, ligado à Universal, que revelou artistas como QXÓ e Ramonzin.

"Eu não estava montando uma carreira, mas acabou acontecendo", conta Malía, que dividia o espaço nos vídeos com o irmão, que toca violão. "Soltava vídeos nas redes sociais e as pessoas começaram a se conectar comigo. Lembro que aparecia gente me perguntando onde eu comprava minhas roupas. Eu não tinha nem dinheiro para comprar roupas! Acabei de certa forma tendo que entender mais minha realidade, para lidar com ela".

 

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