Sérgio Loroza e a cachaça DoLoroza - Divulgação
Sérgio Loroza e a cachaça DoLorozaDivulgação
Por Gabriel Sobreira
Rio - Toda vez que estava em um bar, Sérgio Loroza, 52 anos, ouvia dos amigos vez sim e outra também: 'Gaçom, dá a do Loroza (dolorosa), que o Serjão que paga!'. A brincadeira virou negócio. Lançada no ano passado, a cachacha DoLoroza ganhará um tratamento premium para o próximo verão e, inclusive, uma versão menor para os foliões curtirem os blocos de Carnaval.

"Comecei a fazer para dar de presente pra amigos e começaram a pintar umas oportunidades. Tenho uma parceria com uma galera de Paraty. Eles produzem a cachaça. Para mim é importante ter uma qualidade top", explica o artista, que está na segunda temporada de 'Filhos da Pátria', que estreia em outubro na Globo. "Não sou só mais um ator, mais um músico... sou um afro-empreendedor. No nosso país, a gente faz um evento juntando 100 empresários, e infelizmente somos muito pouco representados etnicamente falando. Acho legal empreender, inventar histórias", acrescenta.
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SABORES
Na atual safra da DoLoroza tem licor fino de pimenta (cachaça tradicional, pimenta e açúcar), ouro (cachaça envelhecida em barris de carvalho por 3 anos) e prata (cachaça tradicional, descansada em tonéis de amendoim por 2 anos). Para o ano que vem, as linhas terão uma degustação nova, assim como o tempo da cachaça.

Questionado sobre o melhor momento para tomar uma, Serjão é diplomático. "Entre o acordar e o dormir. O negócio é esse, não pode ter muita regra, não (risos)", entrega ele, que é uma das atrações do 'Baile Charme Show', dia 30 de agosto, no Circo Voador.
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"Toda vez que você toma um whisky importado, os royalties vão para a Escócia. Toda vez que você toma uma cachaça boa, os royalties vêm para o Brasil. Mais importante que o petróleo, que um dia vai acabar, que é um combustível fóssil, a cachaça pode ser a nossa salvação. Então a cachaça é nossa, companheiros", brada o também músico.

DIVERSÃO
Quando trocou o emprego de promotor de vendas da Kolynos (marca de creme dental) para viver de arte, Serjão não cansava de ouvir alertas dos amigos e parentes. "Falavam: 'Pô, negão, olha aí'. Era um emprego bem mais ou menos, em Madureira, mas tinha gente que achava que: 'P****, maluco (trabalha) em uma multinacional' (risos). E ainda perguntavam: 'Cara, você vai sair? Vai largar?'. É isso. Sou feliz. Vambora, o bagulho é esse. Se não fosse para me divertir eu continuaria trabalhando na Kolynos, que eu trabalhava há alguns anos. Depois que eu entrei nesse é pra me divertir, 'compade'", diz o artista.
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TV
A segunda temporada de 'Filhos da Pátria' se passa em 1930. Os personagens dão um salto no tempo, mas mantendo sua essência. No caso de Domingos (Loroza), enquanto era um escravo na primeira temporada, na atual edição ele é um compositor de sambas morador em uma das primeiras favelas da cidade. "Fazer um escravo na senzala é um bagulho muito doido. Foi meio dolorido, em alguns momentos a gente se olhava, eu olhava para o Flávio Bauraqui (Zé Gomes de Deus) e para Jéssica Ellen (Lucélia) e a gente começava a chorar no set. Lembrava daquilo que a gente não viveu, mas nossos antepassados infelizmente viveram, era meio dolorido", lembra Serjão.

"Agora é muito mais relax. Para se ter uma ideia, até direito de posse a gente já tem (risos). Tenho meu barraquinho. Para dormia em uma folha de jornal a gente pensa que é dono do mundo (risos). Ele tem um pouquinho de orgulho de ter o barraco dele, de estar construindo a historia dele. O barraco dele tem um 'Q' da casa do meu bisavô, que quando eu era moleque e ia lá visitá-lo em Cordovil (Zona Norte do Rio)", relembra saudoso.
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HUMOR
Para Loroza a série tem um papel importante ao falar de política de uma forma leve. Segundo o ator, linguagem é poder. "Se me perguntam: 'O politicamente correto está acabando com o humor?'. Respondo que não, está fazendo ele (humor) ficar mais inteligente. O artista na o pode ser o inimigo da sociedade, pelo contrario. Se a gente percebe que através do nosso humor a gente pode fazer a sociedade ficar mais legal, brother, vamos aderir a isso", destaca.