Marília Bessy - Divulgação/Guilherme Scarpa
Marília BessyDivulgação/Guilherme Scarpa
Por RICARDO SCHOTT

Vai tudo bem agora com Marília Bessy. Ou melhor: tudo está melhorando, caminhando. A cantora, enquanto preparava o novo disco ('Suspiros', que chega agora às plataformas digitais) acordou certa vez quase totalmente surda do ouvido direito. A surdez, súbita, foi progredindo. E trazendo a reboque outros problemas: desorientação, síndrome do pânico, depressão. Uma simples caminhada nas ruas passou a ser uma experiência aterrorizante.

"Eu não conseguia nem sair nas ruas. O barulho ficava oco na minha cabeça. Se eu escutava uma buzina no ouvido esquerdo, não sabia de onde ela estava vindo. Comecei a tomar muito corticoide, engordei dez quilos. Não saía mais sozinha. Fui a quatro médicos e só fui ter um diagnóstico dois meses depois dos primeiros sintomas", conta Marília, hoje com "cerca de 30% a 40%" da audição recuperada. "Não é algo que se meça por porcentagem", diz.

Atualmente, a cantora malha com personal trainer, faz reeducação alimentar e trata da audição, cujos problemas foram causados basicamente por situações ligadas à sua própria carreira. "O veredito final do meu médico é que foi estresse, associado a muito tempo de exposição à música alta", conta Marília, uma baterista que virou cantora. "Nunca tive proteção, nunca botei algodão no ouvido. E tenho uma profissão em que você depende da audição". Ela diz que a ajuda de família e amigos foi fundamental. "Tive uma grande rede de apoio, porque você nunca sabe o que está acontecendo. Pode achar que está melhorando e não está", afirma.

Por puro acaso - já era uma decisão tomada anteriormente - 'Suspiros' investe em uma sonoridade mais acústica, leve, repleta de violões. E num tom mais popular, com produção de Michael Sullivan e participação de Roberta Miranda (na quase-faixa-título 'Suspiro'). Não é algo estranho à obra de Marília, uma cantora de rock que já cantou canções de Gretchen e Sidney Magal. E gravou o DVD 'Infernynho' ao lado de Ney Matogrosso, que foi seu trabalho anterior.

"Mas o disco tem de tudo: violões, guitarras, bateria, sintetizadores. O Sullivan contribuiu muito para essa sonoridade mais popular", conta ela, que ainda inclui uma versão blues de 'Vou Festejar', sucesso imortalizado por Beth Carvalho. "É um hino, todo mundo gosta, e eu adoro fazer releituras. Mostrei para o Sullivan a minha ideia, e ele adorou. A música ficou mais introspectiva, mais íntima, até mais triste". 

Marília havia conhecido Sullivan numa festa e, papo vai, papo vem, deixaram combinado fazer algo juntos. Só foram iniciar o trabalho um ano depois do primeiro encontro. "Fiz a letra de 'Loucura Me Pega' e levei para ele. Ele fez a música em cinco minutos!", brinca. "Depois saíram mais seis músicas".

Já Roberta Miranda era um sonho antigo. Marília vinha acompanhando a autora de 'Majestade O Sabiá' nas redes sociais. Após os primeiros contatos, foi gravar com ela em São Paulo. "Descobri que ela tocava guitarra, vi até a Roberta num vídeo tocando uma música do Ira!", afirma.

Shows

As primeiras apresentações do novo repertório devem acontecer em outubro. Até lá, Marília tem outros projetos, como voltar a tocar bateria em shows nos quais dividirá o palco com DJ. E lançar "um podcast sobre cultura geral".

 

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