Imagem da novela Avenida Brasil - REPRODUÇÃO/TV Globo
Imagem da novela Avenida BrasilREPRODUÇÃO/TV Globo
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Você acompanhou as inesquecíveis novelas 'Avenida Brasil' (2011) e 'Cheias de Charme'? (2012)? Para o jornalista Valmir Moratelli, essas tramas representam as enormes mudanças políticas que aconteceram no Brasil nos últimos anos, e que atingiram a teledramaturgia. E são dois exemplos nos quais ele fez questão de se deter ao fazer a dissertação de mestrado que gerou seu novo livro, 'O Que As Telenovelas Exibem Enquanto O Mundo Se Transforma' (Ed. Autografia), um estudo profundo sobre a teledramaturgia brasileira e sobre como ela se modificou com os acontecimentos do Brasil.

"'Cheias de Charme' colocou como protagonistas três empregadas domésticas. Foi uma inovação, porque a empregada doméstica historicamente sempre teve um papel de apoio. E naquele momento a gente vivia a aprovação da PEC das domésticas", conta.

"Já 'Avenida Brasil' investia os papéis: o núcleo principal era o do subúrbio e o núcleo cômico era o dos ricos. A narrativa das novelas até então era com o núcleo rico como principal, e o núcleo cômico era o dos pobres. E naquele momento a periferia era o centro das atenções. Ela até incomodava, com gente reclamando que aeroporto parecia rodoviária", brinca. "O João Emanuel Carneiro (autor da novela) me disse que a inspiração dele para escrever era abrir a janela e ver o que estava acontecendo na rua. E foi o que ele fez".

Nas novelas, outras pautas foram surgindo conforme o Brasil foi mudando, como a situação dos negros e dos gays. "A sociedade passou a cobrar mais a presença de negros em situações onde antes eles não estavam, na medida em que foram aparecendo mais negros se formando, saindo da universidade. É importantíssimo que as novelas tenham mais de 50% de negros no elenco. Precisamos de mais diretores e autores negros também", diz.

Sobre a questão LGBTQI+, Valmir recorda do abismo que houve entre 'A Próxima Vítima' (1995) e 'Amor À Vida' (2013), ambas com casais gays. "Mas nessa última, o público torcia pelo beijo gay", diz.

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