Rael (Rafael Queiroz) em A Dona do Pedaço. - Rede Globo - Reprodução
Rael (Rafael Queiroz) em A Dona do Pedaço.Rede Globo - Reprodução
Por Juliana Pimenta

Rio - De sacoleiro a ator da novela das nove, a carreira de Rafael Queiroz, o Rael de 'A Dona do Pedaço', é uma inspiração para quem faria de tudo para conquistar um sonho. Há uma década, o galã de 35 anos decidiu mudar de vida e saiu de Campinas, no interior de São Paulo, para tentar a carreira de ator.

E não é que deu certo? Hoje, Rafael colhe os frutos do sacrifício. "Eu passei por muitas dificuldades. Vim pro Rio com a Gabi (ex-mulher) e o meu filho ainda recém-nascido. Eu era sacoleiro: vendia equipamentos de cabeleireiro na rua e fazia teatro à noite. O Davi ficava comigo na coxia", lembra o ator, que também é pai de Rosa, de 3 anos.

O rapaz faz questão de contar que, além da parceria com os filhos, o apoio da irmã, a também atriz Francisca Queiroz, foi crucial para sua adaptação à Cidade Maravilhosa. "Cheguei aqui com a minha família, e a gente foi morar de favor com ela. E através dela, as portas foram se abrindo pra mim. Sem ela, não tenho dúvidas de que eu não teria chegado aonde cheguei. Aprendi muito com ela e com outras tantas pessoas especiais que me deram oportunidades", conta.

Do teatro à TV

Toda essa dedicação levou Rafael do teatro às grandes produções na TV, como as novelas 'Os Dez Mandamentos' e 'Terra Prometida', da Record, e agora o sucesso de 'A Dona do Pedaço', da Globo. "O Rael foi um presentaço. Logo que entrei na novela, tive uma cena linda com a Jussara Freire na igreja. Mas também fiz cenas com Juliana Paes, Malvino Salvador e Nathalia Timberg. Estou muito feliz, até porque, pela trajetória do personagem, já era pra ele ter morrido. A chance de ele sumir da trama era imensa. Mas ele transitou por várias núcleos, e eu tive oportunidade de trabalhar com várias pessoas que admiro no teatro e na televisão", comemora o ator, dizendo que a única semelhança entre ele e o personagem é o jeitão pacato do interior.

Advogado de vilão

A paixão pelo personagem, inclusive, fez Rafael resistir, durante muito tempo, em chamar Rael de vilão. "Acreditei porque ele tinha uma relação muito sincera com a Jenifer (Luciana Paes), e isso me levava a crer que ele tinha chance de sair desse ciclo da vingança. Eu tinha essa esperança. Mas o Walcyr (Carrasco, autor da novela) começou a escrever de uma maneira que, sempre que ele tem uma chance de se redimir, ele fica cego de novo e cai por algum motivo. Hoje, acredito que essa vilania é dele. Ele é um vilão. Eu que protegi demais", admite.

E,ganhando cada vez mais espaço na trama, Rafael diz que seu personagem é uma espécie de estopim para confusões. "Ele pode voltar com essa guerra entre famílias a qualquer momento. Por mais que ele respeite o tio (Amadeu, vivido por Marcos Palmeira), você não sabe o que pode esperar dele. É muito bom fazer esse personagem misterioso", confessa.

Diga-me com quem andas...

Cercado por mulheres desde sua chegada à trama, Rael é um homem que, segundo o ator, ganha muita força quando tem alguém do lado. "Isso começou com a avó dele, que piorou tudo fazendo ele prometer que ia se vingar. E agora ele encontra a Josiane (Agatha Moreira), que tem o mesmo sentimento, o mesmo olhar. Rael vê nela tudo o que ele passa: a raiva que os dois sentem pela Maria da Paz (Juliana Paes). E essa visão deturpada dela só dá mais força para ele", lamenta Rafael.

Mas, diferentemente da relação com Josiane e a avó, Rael acabou estabelecendo um vínculo diferente nessa terceira fase da novela com o encontro com Lyris (Deborah Evelyn). "A relação deles começou numa troca de interesses. Primeiro porque a Lyris tinha problema no relacionamento e nada mais justo do que ela ir buscar uma atenção fora. E ela pagava a ele. Mas a grande virada é que ele continua querendo mesmo sem ela ter dinheiro. Ele está indo lá pintar parede e arrumar o lustre só para agradá-la", destaca.

Essa motivação, no entanto, leva Rafael a acreditar mais uma vez que seu personagem possa, no fundo, ter um bom coração. "A paixão está crescendo de uma nova maneira. E aí, então, pode ser que ele se reabilite. E vejo o Walcyr Carrasco escrever coisas com um fundo muito político. Então, o Rael pode ser uma forma de mostrar uma pessoa que conseguiu ser salva através do amor. Essa é uma visão minha na vida: acho que o amor cura tudo", confessa o ator.

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