Letícia Isnard e Guida Viana em 'Agosto' - Silvana Marques/Divulgação
Letícia Isnard e Guida Viana em 'Agosto'Silvana Marques/Divulgação
Por Gabriel Sobreira

Rio - Enquanto gravava 'Avenida Brasil'(2012), Letícia Isnard, a Ivana da novela, não sabia o que era vida fora do esquema casa-Projac-casa. Segundo ela, que está na última semana em cartaz com a peça 'Agosto' (sex, sáb e dom, às 19h30, no Teatro Petra Gold, no Leblon), quando andava pelas ruas, de ônibus ou metrô e era reconhecida, as pessoas pareciam que não acreditavam que a viam. "Era muito comum me avisarem que eu era corna", conta, às gargalhadas a atriz, se referindo à personagem que era traída pelo marido, Max (Marcello Novaes).

Sete anos depois sucesso arrasa quarteirão, que é exibido na Vale a Pena Ver de Novo, Letícia conta que o público a reconhece mais pela voz do que pela aparência. "Não sinto cobrança, mas é muito frequente as pessoas lamentarem e desejarem que eu tenha outras oportunidades como esta. E fico muito feliz com isso, porque significa que dei conta do recado e deixei com gostinho de 'quero mais'", entrega ela.

Intenso

Assim como na TV, nos palcos Letícia vive outra personagem com intenso drama familiar. Em 'Agosto' ela interpreta Barbara, uma filha que tem dificuldades de relacionamento com a mãe, Violet (Guida Vianna), que sofre de câncer. Mas nessa família, que ainda tem com irmãs, marido, pai, ninguém está livre de segredos. Para a intérprete, família é a arena base da dramaturgia e sempre rende histórias poderosas. "A família é onde aprendemos a conviver com as diferenças. Acredito sim que, quanto maior a família, mais complexas são as histórias e relações, o que faz com que seja muito recorrente a existência de segredos e tabus", afirma.

Em meio a temas que entre clãs são jogados debaixo do tapete, a peça joga luz sobre situações complexas. Para isso, os personagens sem exceção confessam o que está entalado na garganta e os sufoca. Quando questionada sobre o quão libertador pode ser o confessar o inconfessável, Letícia diz que é uma questão muito delicada e pessoal. "Acredito sempre que a verdade é melhor, mas há casos em que uma mentira ou omissão também podem poupar muito sofrimento", defende.

Sucessos

O espetáculo, que tem direção de André Paes Leme, já teve 21 indicações em premiações e venceu sete. Para Letícia, todo mundo se identifica com um personagem, uma situação ou um sentimento abordado no enredo. "O autor consegue levar o humor às suas últimas consequências nesse texto, o sarcasmo e a ironia são usados com rara maestria, e a escalação de um elenco que tem muita experiência com comédia foi um diferencial da direção e da produção, de modo que o humor que já era presente no texto pôde vir à tona com toda a sua potência", ressalta a atriz.

Apesar de desejar fazer turnê com a peça, a produção ainda está captando verba para se apresentar em outras capitais. "O teatro é um trabalho artesanal, presencial, que promove o encontro ao vivo entre as pessoas e isso requer investimento. Daí ser tão importante que retornem com políticas públicas que viabilizem a diversidade de produções e sua circulação por esse país tão vasto e culturalmente fértil. Isso não é gasto, é investimento", justifica Letícia, que aguarda terceira temporada da série 'Filhos da Pátria', na Globo. E tem mais. "Farei mais uma temporada da série 'Homens São de Marte e é pra lá que eu vou', com a Mônica Martelli, no GNT", adianta.

 

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