Erasmo Carlos - Divulgação/Guto Costa
Erasmo CarlosDivulgação/Guto Costa
Por RICARDO SCHOTT

Rio - Você pode não ter percebido, mas Erasmo Carlos sempre foi do samba. O Tremendão tem pelo menos três hits na área, 'Coqueiro Verde', 'Cachaça Mecânica' e 'O Comilão', que tocaram bastante em rádio. Fora os lados-B, como 'Nasci Numa Manhã de Carnaval' e 'Samba-Rock'. E agora o cantor dá vazão a seu lado sambista no EP 'Quem Foi Que Disse Que Eu Não Faço Samba?', que sai em dezembro pela Som Livre. O disco inclui um samba composto por Erasmo em 1959, 'Maria e o Samba', que era cantado por Roberto Carlos em seu período de cantor da noite de Copacabana.

"Foi o primeiro samba que eu fiz na vida. Na época, o Roberto ainda era crooner da boate Plaza e o pianista dele era o João Donato, que nem cantava ainda", recorda Erasmo, que precisou recorrer à memória para lembrar da música. O namoro com o samba, ele afirma, começou junto com o rock em 1958. Na época, o então garoto da Tijuca conseguiu a proeza de descobrir Elvis Presley e bossa nova simultaneamente.

"A tendência do rock era vista como mais forte, realmente. Mas nesse ano eu comecei a tocar violão, foram as duas coisas juntas. Só que eu era era diferente do pessoal da bossa", conta. "Eles eram elitizados, escolarizados, moravam na Zona Sul. Eu era da Zona Norte, não tinha pedigree, não tinha estudo. Fiquei com minha turma fazendo rock, mas sempre fiz meus sambas".

O repertório do disco ainda inclui uma parceria antiga com Max de Castro, 'A História da Morena Nua Que Abalou As Estruturas do Esplendor do Carnaval', além de 'Sem Anjo na Multidão', 'Samba Rock', 'Samba da Preguiça', 'Medley de Samba', 'Mané João' e 'Moço' (que ele e Roberto Carlos tinham feito para a trilha de uma antiga novela da Globo, 'O Bofe', de 1972 — aliás a dupla compôs essa trilha inteira). Além do áudio, o EP ainda foi captado em imagens e vai virar vídeo no YouTube. É uma tendência, e Erasmo vê nisso uma maneira de aproximar seu trabalho do público.

"É uma contrapartida do pop. O pop tornou o show uma coisa maravilhosa, hollywoodiana, cheia de gente, barulhos, playback... Mas a gente preferiu a sinceridade, mostrar a música como ela é. Não tem recurso técnico, o que foi tirado de lá pula na hora para o vídeo. Não tem mentira", decreta o Tremendão.

 

Hoje tem show
Publicidade
Quem já quiser conhecer o repertório do disco, é só chegar neste sábado às 20h no Teatro Riachuelo (Rua do Passeio 38/40, Centro - ingressos entre R$ 50 e R$ 110). Erasmo vai apresentar o repertório do EP e ainda vai acrescentar outras músicas: 'Coqueiro Verde', 'O Comilão', 'Cachaça Mecânica', 'Mané João', 'Meu Ego'. E vai ter também 'Sentado À Beira do Caminho' e 'Festa de Arromba'. "Quem for lá vai ouvir o meu samba, que está mais para samba-rock", conta Erasmo, que manteve sua banda comum para o show - mas acrescentou dois percussionistas, Vanderlei e Ronaldo, filhos do baterista e percussionista Robertinho Silva.
Após ter uma queda do palco em agosto - que lhe causou uma fissura no calcanhar - Erasmo já obteve alta. "Já vai dar para ficar em pé um pouco. Tenho feito show com o pé quebrado, usando bota. Mas já tirei a bota e está tudo bem", conta o cantor, que aos 78 anos, está casado com a pedagoga Fernanda Passos, que é 49 anos mais nova. E recentemente afirmou em entrevista ao jornal 'Extra' que pretende ter filhos com ela. "Só não sei quando porque o futuro a Deus pertence. Vamos saber quando chegar o momento certo. Não descarto esses bons pensamentos. Também tenho direito a tê-los", disse.
Publicidade
Maria e o Samba Erasmo Carlos
Publicidade
O meu coração
Obedece a uma voz
Publicidade
Maria meu bem
E o samba também
Publicidade
A coisa melhor
Desse mundo é ouvir
Publicidade
Um samba com inspiração
Ao compasso do meu coração
Publicidade
Se faltasse o samba
Maria de nada valeria
Publicidade
E se faltasse Maria
Eu não teria
Publicidade
Vontade alguma de escutar
Meu samba sem poder amar
Publicidade
Você pode gostar
Comentários