Bruna Guerin, a Petra de 'Salve-se Quem Puder', da Globo - Globo/João Miguel Júnior
Bruna Guerin, a Petra de 'Salve-se Quem Puder', da GloboGlobo/João Miguel Júnior
Por Gabriel Sobreira

"Não uso e não vejo problema nenhum em quem usa", afirma Bruna Guerin (a pronúncia é "guerran") sobre a utilização de ponto eletrônico — dispositivo intra-auricular comum que profissionais de TV usam para ouvir indicações da direção — durante as gravações. "Se for para ajudar, ótimo. Tem gente que tem dificuldade", completa a intérprete da Petra, de 'Salve-se Quem Puder'.

A TRAMA

No capítulo de hoje, Petra, que é uma atriz sem qualquer talento e se acha a última bolacha do pacote, não consegue por nada decorar as falas dela. Como solução, a mulher vai copiar o texto na palma da mão e se confundirá toda na hora de gravar. Por fim, ela pergunta ao diretor por que não pode usar um ponto eletrônico. "Se o mais difícil fosse decorar texto, estávamos bem, isso é só um detalhe. É preciso estar inteiro, fazer o jogo acontecer", defende a atriz, que está em sua segunda novela (antes, fez 'Duas Caras', em 2007).

CARÊNCIA

Para a atriz paulistana, o caso da Petra não é de apenas uma ajudinha ou um lembrete, mas sim de pura preguiça. "Ela tem uma carência absurda. Talvez por ter passado um tempo fora e longe da família, ela tenta compensar os 15 anos perdido. Ela tem inveja da irmã, Alexia (Deborah Secco), por causa do talento dela. Coitada, a Petra não chega aos pés da irmã", resume Bruna.

"Acho que a Petra tem algum talento e que em algum momento ela vai encontrar algo que lhe faça bem", acredita a artista, que há quase dois anos namora o também ator Gabriel Godoy. "A gente passa muito texto junto", derrete-se.

EGOÍSTA

Mas o problema de Petra não é apenas a latente falta de talento. Sempre que pode, ela maltrata psicologicamente o avô e também humilha quem trabalha com ela. Segundo Bruna, a personagem é um claro caso de sociopata. "O egoísmo cego, o não sentir remorso e a dor do outro são características facilmente encontradas nela. O que importa é o desejo dela. Se esse desejo vai machucar alguém, ela não vai perceber. Não tem empatia nenhuma, nem pelos familiares, nem isso ela tem", surpreende-se a atriz.

Apesar de dar vida a uma vilãzinha na faixa das 19h — horário tradicionalmente de tramas mais leves —, a atriz não escapa de levar "puxões de orelha" por parte dos fãs. "Outro dia, uma jovem me disse: 'Meu avô é tudo para mim, jamais faria isso que você faz com o seu (na novela)", diverte-se ela, que pondera: "Mesmo sendo uma ficção, (quando gravo) não deixo de pensar na minha família. Sou apaixonada por eles", diz.

 

Olha quem já usou ponto
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A atriz Regina Duarte é pioneira no uso de ponto eletrônico entre atores. Ela começou em 1988, durante as gravações da novela 'Vale Tudo', da Globo. "Eu e metade do elenco da Globo, no mínimo. É uma coisa que, ultimamente, é um recurso técnico como qualquer outro. Não vejo nenhum demérito em se usar ponto. Quem sabe usar é uma técnica, você precisa saber usar. Usei em alguns momentos em que o texto era entregue muito em cima da hora da gravação, não era sempre. São as tais lendas que se criam", disse Regina Duarte, em entrevista ao 'TV Fama', da RedeTV!, em setembro de 2019. Já em 2015, a atriz Narjara Turetta foi contratada pela Globo para auxiliar Gloria Pires "soprando" através do ponto eletrônico os textos de 'Babilônia'.
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