Tunico da Vila - André Leão / Divulgação
Tunico da VilaAndré Leão / Divulgação
Por O Dia
Rio - O sambista Tunico da Vila lança, nesta sexta-feira, em todas plataformas digitais, seu novo EP 'Cadê Você Cavaquinho?'. A proposta do artista é apresentar seu samba contemporâneo, que alia sua musicalidade a experiências ligadas ao seu pertencimento cultural. Ele conversa musicalmente com o seu público por meio de canções autorais irreverentes, com raízes fincadas no partido-alto e na sua "brasilidade africana".

Na faixa que dá nome ao trabalho, ele clama com irreverência à volta do instrumento do samba de raiz, o cavaquinho, e traz o amigo Péricles para a roda de bambas. Em "Iakalaiá", um semba, ritmo africano e irmão do samba, que Tunico aprendeu a admirar, tocar e cantar por suas andanças em Angola, a sua Vila Isabel do outro lado do Atlântico.
A água sagrada também está presente em "Rio de Fé", um samba maxixado e sensual, dividindo a interpretação saborosa com a cantora Ana Clara. "De fato e de direito" é uma saudação, quase um brinde de amor à terra santa do sambista, Vila Isabel, a Vila de Tunico, Martinho e Noel.

"Foi um processo de criação que se deu após um momento muito triste da minha vida, que foi a perda da minha filha. As músicas são reflexões minhas acerca do meu universo, do samba que aprendi, de experiências, nas mais de duas décadas que rodei esse mundão, o que vi e vivi. São composições minhas com encontros que me senti muito à vontade e que aconteceram num momento especial que me sinto mais preparado para encarar a missão de cantar minha cultura. O Pericão é um amigo de longa data, tínhamos preparado esse encontro anos atrás, sempre fui aberto, nunca tive preconceito com o samba de São Paulo, tenho muitos amigos lá, compreendo samba como sendo oriundo da África, patrimônio do Brasil e que cada canto do país faz e canta samba de uma forma. A Ana Clara foi uma amizade recente que fizemos na gravação de um DVD no Rio, ela é catarinense e canta samba de forma encantada".

Tunico da Vila começou sua carreira como músico percussionista aos 20 anos de idade, tocou e gravou com diversos artistas como Beth Carvalho, Emílio Santiago, Leila Pinheiro e seu pai Martinho da Vila. Gravou dois álbuns, "Tunico Ferreira" (2003) e "Na Cadência do Partido-Alto" (2009), o EP "O Velho de Oiá" (2017) e os singles "Quero, Quero", "Madalena do Espírito Santo", "É dia de rede no mar" e "Que Paixão tão linda é essa" (2019).