Susy, mulher trans presa, abraçada por Drauzio no 'Fantástico'
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Susy, mulher trans presa, abraçada por Drauzio no 'Fantástico' reprodução
Por Gabriel Sobreira

Drauzio Varella, 76 anos, ainda está impressionado com a repercussão da reportagem especial sobre mulheres trans presas exibida domingo passado no 'Fantástico', da Globo. "É muito importante discutir as diferenças sociais. As diversidades que, às vezes, fingimos que não existem. Provocar essa discussão no 'Fantástico', um programa que reúne famílias no domingo à noite, deu ao quadro muita credibilidade", pontua o médico, que há 30 anos faz trabalho voluntário no sistema carcerário.

"A repercussão foi muito grande. Discutir esse assunto, que é delicado, poderia causar um ruído, até pelo preconceito que algumas pessoas têm sobre o tema. Mas foi totalmente o contrário", completa ele.

A matéria foi gravada por volta de outubro do ano passado. "Gravamos em quatro cadeias: a de Pinheiros, em São Paulo; Parada Neto, em Guarulhos; e duas em Pernambuco, Igarassu, na grande Recife, e de Tacaímbó, perto de Caruaru", explica.

Mas o que principalmente chamou atenção do público, principalmente nas redes sociais foi o caso de Susy (mais tarde, uma corrente do bem levantou o nome completo dela e inclusive o endereço da penitenciária onde ela está lotada). Aos 30 anos, Susy não recebe visita de nenhum familiar ou amigo há aproximadamente oito anos. "No momento em que estava gravando, comecei a contar que ela foi obrigada a se prostituir para conseguir o básico na cadeia. E o que me chamou atenção foi a solidão que ela vivia lá. Sete, oito anos sem receber visitas", lembra Varella.

"No momento em que ela me contou isso, notei uma tristeza tão forte no olhar dela que me emocionou. Só pensava em uma pessoa como essa, que deve ter sofrido agressões a vida inteira, que parou na cadeia por ter cometido um crime, mas que não tem ninguém que se lembre dela, que mande uma carta. Espontaneamente dei um abraço nela. Depois me dei conta do que estava fazendo. Isso gerou uma repercussão enorme, como se fosse inusitado abraçar outro ser humano", argumenta.

 

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