Alcione - Marcos Hermes
AlcioneMarcos Hermes
Por O Dia

Rio - Com quase 50 anos de carreira e 72 de idade, Alcione celebra o lançamento de novo disco, 'Tijolo por Tijolo', em meio a uma onda de solidariedade que recebeu após ser ofendida pelo presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo. No Twitter, ele chamou a cantora de "barraqueira que incita ao crime e à violência contra um negro que tem opiniões próprias" e completou dizendo que desprezava suas declarações, "assim como sua insuportável 'música'".

O ataque de Camargo foi uma resposta a um desabafo que Alcione fez durante uma live com Teresa Cristina no Instagram. Durante a conversa entre as duas sobre a luta contra o racismo, a Marrom não perdoou um comentário de Camargo, que havia chamado o movimento negro de "vagabundos" e "escória maldita", e disparou contra o presidente da Fundação Palmares: "Ainda dou na cara dele para parar de ser um sem noção".

Com a repercussão do caso, diversos artistas e personalidades gravaram um vídeo em apoio a Alcione, numa iniciativa ligada ao movimento 342 Artes, encabeçado por Paula Lavigne. A cantora maranhense tratou de encerrar o assunto e agradeceu o apoio da classe com uma mensagem nas redes sociais.

"Agradeço não somente por ter nascido no Brasil, mas também por pertencer ao Brasil, pertencer a minha família, pertencer aos amigos que me deram e dão forca ate hoje. (...) É isso: eu pertenço a vocês, gracas a Deus! E quando se é reconhecido com amor e respeito, como todos vocês fizeram, a gente pode suportar tudo".

A polêmica com Camargo não desanimou Alcione quanto à expectativa da chegada do álbum 'Tijolo por Tijolo' - o 42º da sua carreira, com 14 faixas inéditas, já disponível nas plataformas digitais e em mídia física. Ela não lançava um disco de inéditas há sete anos. O título, segundo a cantora, é uma ideia geral do que foi sua carreira.

"Não queria apenas o sucesso, e sim construir uma trajetória. Tijolo por tijolo, pedra por pedra... É bem mais sólido do que o sucesso temporário e descartável. O sucesso, depois de quatro décadas, deve ser por isso. Meu caminho foi batalhado, bati muita perna pelo mundo, foi muito suor. E o público reconhece a verdadeira face do artista", diz a cantora.

No CD, uma das canções de destaque é 'O Samba Ainda É', de Alcione com Serginho Meriti, Claudemir e Ricardo Moraes. A canção é uma forma de reverenciar o gênero, segundo a Marrom. "O samba vai ser sempre um dos nossos monumentos culturais, uma das nossa maiores riquezas. Não vai morrer nunca", defende. Outra faixa em alta é 'O Homem de Três Corações', uma homenagem a Pelé.

Espiritualizada e em isolamento social, Alcione analisa o que está acontecendo no mundo atualmente. "Eu respeito e obedeço ao sagrado. Acredito em Deus e sou da umbanda, filha de Xangô e Iansã. É bom acreditar em algo superior para não andar nas trevas. Tudo o que está acontecendo, essa pandemia, veio para nos ensinar algo. Alguma coisa vamos aprender", diz ela, que também combate o racismo e a intolerância. "Já passou da hora de o preconceito de cor e de religião acabar. Todo mundo merece respeito".

A cantora passa o tempo com as lives solidárias, um pedido de seus fãs. Ela sente saudade da rotina em cima dos palcos e do carinho do público, mas mesmo assim se mantém positiva quanto ao fim do momento caótico. "Vai passar!", acredita.

 

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