O humorista Paulo Vieira ganha mais destaque no 'Fantástico'Divulgação
Por Juliana Pimenta
Publicado 20/06/2020 08:00

Rio - A Astronomia explica que, quando vemos uma estrela no céu, ela, na verdade, já brilha há muito tempo, mas a luz demora até chegar à Terra. A trajetória do humorista Paulo Vieira não é tão diferente. Criado no Tocantins, o comediante de 27 anos já fazia sucesso desde a época em que as apresentações de stand up comedy estouravam no país. Mas, foi só em 2016, no 'Programa do Porchat', na Record, que o humorista começou a ter destaque nacional por seus quadros e intervenções. Hoje, a estrela de Paulo brilha ainda mais forte. Dessa vez em horário nobre, aos domingos, e na Globo, com o quadro 'Como lidar?', no 'Fantástico'.

"A ideia era fazer uma crônica de humor dentro do 'Fantástico'. E, como crônica, a gente tem que representar o momento que estamos vivendo. Por mais doida que alguma situação seja, ela é calcada em dúvidas e conversas reais que temos nessa quarentena", explica Paulo que, além do trabalho de ator, é um dos roteiristas do quadro que já caiu nas graças dos telespectadores.

"Está sendo maravilhoso. A resposta do público foi melhor do que eu pensava, fiquei impressionado. Eu sinto que as pessoas estavam carentes de um quadro de humor no 'Fantástico'. Até porque é um programa de notícias não tão boas, mas que precisam ser dadas. Inclusive, esse era o nosso desafio, achar o tom certo para cada episódio. Porque a gente quer fazer humor, precisa rir para sobreviver, mas não é tempo de estar em festa", argumenta.

Discurso político

Recluso há alguns meses, Paulo também confessa que o quadro tem o intuito de provocar questionamentos sobre os temas propostos como, por exemplo, o (mau) hábito de furar o isolamento. "A ideia principal é sempre a comédia, fazer rir. Mas todo discurso é político. Se a gente consegue casar as duas coisas é melhor ainda. Nós sempre temos o intuito de compor a comédia com consciência. Então em tudo o que eu faço, tem aquilo que eu acredito", defende o humorista que também usa o espaço conquistado para militar sobre igualdade social e racial.

Como homem negro e vindo da região Norte do país, Paulo faz questão, portanto, de contextualizar suas vitórias. "Para mim, é um lugar de muita responsabilidade e muita honra. Quando entrei no 'Fantástico', eu fiquei muito nervoso. Mas sei que, quando eu estreio na 'Globo', não sou só eu que estou estreando. A pessoa preta no Brasil nunca está sozinha, ela carrega todo um discurso, toda uma história. Eu não cheguei ali sozinho. Eu cheguei por conta da militância de muitas outras pessoas negras que batalharam e lutaram para que pessoas como eu pudessem estar ali. Eu quero honrar esse espaço e deixar a porta aberta para mais gente entrar. Me sinto abraçado por saber que eu não estou só", defende.

'Quarentener'

Integrante do 'Fora de Hora', agora no ar apenas como podcast, Paulo também criou o 'Diário do Coronga'. O conceito é a simulação de conversas populares sobre o coronavírus nos aplicativos de mensagens. "'O Diário do Coronga' eu tenho feito no tempo que me sobra entre todos os outros projetos. Me dá trabalho porque eu tenho que falar com as meninas e tenho até que ligar o fogão para fazer os sons. Eu fico que nem doido aqui em casa", brinca o humorista que redescobriu sua casa nos últimos meses.

"Acho que estou vivendo o isolamento como a maioria, passei pelos períodos de desespero e adaptação. E estou mesmo há três meses sem sair de casa, não saio nem para fazer compras. Mas o que eu descobri nessa pandemia foi que a minha casa não era feita para morar e, sim, para dormir. Eu achava que meu sofá era bom, não tinha aparelho de DVD, liquidificador... Então, o início da quarentena foi bom para eu transformar minha casa em uma casa", revela Paulo, que tem evitado de fazer muitas lives ou produzir mais conteúdo do que o habitual na internet.

"Eu sou um criador de conteúdo da 'Globo'. Se eu ficar produzindo 24 horas por dia na internet, eu deixo de criar conteúdo para onde eu sou pago para criar. Tudo o que eu faço já é uma exposição tremenda e representa muito o que eu penso. O quadro no 'Fantástico', por exemplo, já é muito pessoal e gravado na minha casa. Então eu já me exponho muito na internet sem fazer lives e essas coisas", argumenta.

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